As eleições de 2020 estão sendo marcadas pelo seu caráter extraordinariamente antidemocrático. No Brasil, as eleições sempre foram um mecanismo antidemocrático, controlado pela burguesia para eleger os seus representantes. Com a crise capitalista se aprofundando cada vez mais, o regime político está sendo obrigado a se tornar cada vez mais antidemocrático, de forma a excluir praticamente toda a população do debate político. Afinal, não há debate político honesto possível a ser feito junto a burguesia: seu único interesse é arrancar a pele dos trabalhadores.
Um dos aspectos que mais chamam a atenção nas eleições deste ano é o fato de que uma quantidade imensa de candidatos não terá direito a um único segundo na rádio e na televisão, meios de comunicação de massa que costumam ter um grande impacto em qualquer processo político. Nem mesmo na ditadura militar as eleições funcionavam desse modo: tanto a ARENA quanto o MDB podiam se apresentar na televisão.
O pretexto para anular a participação dos candidatos na televisão e na rádio é a clausura de barreira, medida reacionária aprovada pelo Congresso Nacional depois do golpe de 2016. A clausura não só impediu vários partidos de participarem da rádio e da televisão, como cassou o fundo partidário desses partidos. A clausura determinou que os partidos que não elegessem uma determinada cota de parlamentares deveria sofrer essas sanções. Com isso, quase 1/3 de todos os partidos foram atingidos.
Diante dessa situação, 23% dos candidatos a prefeito nas capitais brasileiras não poderão ter acesso à televisão ou ao rádio. E até mesmo os que conseguiram superar a clausura de barreira não terão tanto tempo assim. O maior “beneficiado” será o candidato Bruno Reis (DEM), de Salvador, com 4 minutos e 35 segundos.
O objetivo dessa operação é bastante clara: a direita quer fazer das eleições de 2020 a disputa em que os eleitores serão furtados do seu direito mais básico, que é o de conhecer os candidatos. E, na medida em que não conhecerão os candidatos, serão levados ao ceticismo total, abandonando a luta política, ou acabarão sendo enganados mais uma vez, votando em mais um aventureiro defensor do regime.





