Da redação – João Doria (PSDB), governador de São Paulo, planeja entregar aos seus correligionários da burguesia mais dois aparelhos do patrimônio público ligados à mobilidade urbana. O sistema de balsas que ligam a Ilha do Bororé ao Jardim Shangrilla, no bairro do Grajaú (extremo sul da capital), e outro, que faz a travessia do Riacho Grande ao Bairro Tatetos, em São Bernardo do Campo (região metropolitana), estão na mira. Atualmente, ambos são gratuitos e funcionam 24 horas por dia.
Estima-se que o sistema transporte 2,2 milhões de pedestres e 1,8 milhões de veículos anualmente servindo muito à economia local e à promoção do turismo. Com a privatização, é bem provável que haja cobrança e que a qualidade do serviço piore, como é de praxe em situações parecidas.
A privatização do aparato estadual ligado aos portos, sobretudo a empresa de economia mista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), é porcamente legitimada por Doria com dois chavões dos neoliberais: a redução de gastos e o combate à corrupção. Resta disso mais uma clara indicação de que os setores da esquerda que apoiam crimes históricos como a Lava Jato, ainda que com ressalvas pontuais, e grupos que endossam a necessidade de precarizar para controlar o endividamento público, fazem coro com a direita.
O ataque é mais um capítulo na longa série de ataques que João Doria, um membro de prestígio da estirpe dos sanguessugas, promove contra o Estado de dentro do próprio Estado. Em uma versão menos pândega e mais ardilosa da dupla Bolsonaro-Guedes, Doria e Meirelles estão destruindo o estado mais rico da União.
Enquanto Doria promete a privatização de todas as rodovias estaduais, Guedes articula a venda da Caixa Econômica Federal a bancos internacionais. Enquanto Doria passa por cima da lei para aprofundar o desmonte do serviço público paulista, através do sucateamento do funcionalismo, Guedes defende a redução do salário dos servidores federais.
A par e passo anda a burguesia no ataque contra o povo. Caso não sejam contidos, não sobrará estrada, balsa ou prédio público para contar a história. Só o levante das massas e a derrubada dos governos golpistas pode evitar que o Brasil encontre, no fundo do poço, a proliferação da miséria em uma velocidade nunca antes vista.