A extrema-direita atacou a sede da produtora do Porta dos Fundos no Rio de Janeiro. Com coquetéis molotov, um grupo tentou incendiar o prédio, o que acabou sendo evitado por um segurança que estava no local e apagou o princípio de incêndio rapidamente. O atentado foi o ponto culminante até agora de uma série de ameaças e tentativas de censurar um especial de Natal feito pelo grupo humorístico. Antes disso, a extrema-direita já tinha tentado censurar o programa por meio de abaixo-assinados e com medidas judiciais.
O ataque violento e direto com coquetéis molotov vai muito além de simplesmente tentar censurar o Porta dos Fundos por meio da intimidação, mas é a propaganda de um método de ação política. Daqui para frente, a extrema-direita procurará se impor por meio da violência. As organizações operárias e populares e os partidos de esquerda devem estar alertas, é preciso preparar comitês de autodefesa para que a população possa se defender dos bandos fascistas e para que possam responder ataques como esse à altura. Esperar por soluções institucionais só fortalecerá a própria extrema-direita, já que as instituições estão dominadas por direitistas.
Nesse quadro, um deputado de extrema-direita, Sargento Fahur, do Paraná, foi ao Twitter demonstrar que, para a extrema-direita, o ataque é motivo de orgulho e será estimulado. Em tom irônico, o deputado afirmou o seguinte em uma das postagens: “Produtora do ‘Porta dos fundos’ foi atacada com coquetéis molotov nessa madrugada no Rio de Janeiro. Liberdade de expressão??” Buscando justificar a ação com base no fato de que a sátira natalina do Porta dos Fundos pode ter ofendido determinados grupos religiosos. Segundo esse raciocínio, a ofensa seria equivalente aos coquetéis molotov e estaria tudo certo.
O argumento, contudo, é apenas cinismo. Independentemente do que a esquerda e as organizações dos trabalhadores façam, o programa da direita exige uma repressão ampla para que possa ser implantado sem contestações. De modo que a direita já prepara uma solução repressiva para a crise, e estimula o desenvolvimento de grupos de extrema-direita.
Postagens como a do deputado Sargento Fahur, aspirante a Führer de Londrina, demonstram que não adianta a esquerda ficar chorando diante da violência da extrema-direita. Quanto mais os fascistas agirem sem uma resposta à altura, mais a extrema-direita se sentirá encorajada e se desenvolverá. É preciso organizar os trabalhadores para enfrentar esse problema, ampliando e criando novos comitês de autodefesa em todo o país, para que a população possa se defender coletivamente diantes desses ataques.