Situada em frente ao Memorial das Baianas, no centro histórico de Salvador, a estátua da Baiana do Acarajé foi incendiada no último sábado, dia 14. Bombeiros foram chamados, mas não conseguiram impedir que a estátua fosse reduzida às cinzas. A polícia recebeu denúncia do ocorrido. Supostamente irá investigar os autores do ataque.
Quem motiva ataques dessa natureza? A quem eles beneficiam? Há dúvida sobre a sua verdadeira causa?
A presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau e Similares (ABAM), Rita Santos, disse que o incêndio se deve à intolerância religiosa. Esta observação é correta, sem dúvida. Mas é parcial. O conflito entre ideias religiosas expressa o conflito mais profundo, político-econômico, entre opressores e oprimidos, entre capitalistas e trabalhadores, entre a burguesia brasileira, serviçal do imperialismo, e o povo brasileiro na sua diversidade cultural.
As baianas, a venda e a produção do acarajé, as diversas ideias e atividades a elas associadas, pertencem à herança cultural africana recebida pelo Brasil. Das capitais brasileiras, Salvador é aquela que possui a maior população negra. Em todo o mundo e no Brasil, quase a totalidade dos negros pertence à classe trabalhadora. A condição político-econômica dos negros no Brasil explica por que as suas manifestações culturais são um alvo preferencial da direita, isto é, dos opressores e de seus capatazes.
Quando a burguesia não consegue controlar a crise econômica, ela abandona a sua máscara democrática e se mostra como ela é, numa ditadura aberta, no fascismo. Os fascistas que subiram ao poder no Brasil por meio da fraude eleitoral de 2018 nada mais são do que um artifício da burguesia para encurtar a rédea dos trabalhadores, para acabar com direitos, aumentar os lucros de monopólios privados e assegurar o domínio político do imperialismo sobre o Brasil. O ataque contra a cultura popular brasileira nada mais é do que uma expressão desse processo amplo.
Não se pode superar essa situação imitando o falso nacionalismo dos fascistas. O nacionalismo de Bolsonaro e seus comparsas se limita a vestir a camisa verde e amarela da seleção e, quando muito, cantar o hino nacional. No mais, o maior sonho de todos os coxinhas é comprar uma passagem só de ida para Miami.
Os trabalhadores só podem contar com os trabalhadores. O caminho para superar o fascismo é a organização independente dos trabalhadores para a sua autodefesa, a reivindicação dos seus direitos, o controle da economia e a luta contra o imperialismo. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!