No dia 12 de dezembro, a Vale divulgou relatório acerca das chamadas causas técnicas da ruptura da barragem de Brumadinho: a liquefação de rejeitos, a falta de drenagem interna, o alto teor de ferro desses rejeitos e as chuvas intensas. A empresa havia encomendado o estudo a um grupo de engenheiros especialistas em barragens, para analisar o desastre de um ponto de vista neutro, puramente técnico, deixando de lado razões de caráter “corporativo”.
Mas o documento aponta como causas do desastre de Brumadinho uma série de fatores que são de responsabilidade dos empresários. Até mesmo engenheiros consultados pela imprensa burguesa afirmaram que a catástrofe de Brumadinho poderia ter sido evitada se a Vale tivesse adotado medidas de segurança adequadas. O relatório não permite a interpretação de que a catástrofe foi um acidente, algo que poderia acontecer sob qualquer administração, pública ou privada. As mortes e a destruição decorrentes do rompimento da barragem são culpa da gestão privada da Vale.
É importante lembrar que, em 25 de janeiro de 2019, uma barragem cheia de rejeitos da mina de minério de ferro do Córrego do Feijão rompeu-se em Brumadinho, cidade do interior de Minas Gerais situada a cerca de 60 km de Belo Horizonte. Os alarmes não foram acionados. A avalanche de lama destruiu um refeitório e uma área administrativa, naquele momento ocupados por trabalhadores da Vale, e atingiu comunidades próximas. Os rejeitos de mineração alcançaram em pouco tempo o rio Paraopeba. Luz, água e serviços básicos da cidade foram suspensos. Por precaução, mais de 20 mil habitantes de Brumadinho tiveram de deixar suas casas.
Aproximadamente 25 famílias de uma aldeia pataxó foram deslocadas para um local mais seguro. Do dia do rompimento até hoje, passados mais de 320 dias, foram encontrados 257 corpos e 13 permanecem desaparecidos. Inúmeros trabalhadores foram mortos pela catástrofe e a economia da região permanece em frangalhos.
A Vale foi fundada em 1942 por Getúlio Vargas e vendida para o setor privado, por um valor irrisório, pelo governo do golpista Fernando Henrique Cardoso. Toda empresa privada tem como objetivo principal o maior aumento possível dos seus lucros. Do ponto de vista da burguesia, são secundários gastos sociais, custos relativos à segurança e ao bem-estar do trabalhador e das localidades próximas, preocupações com o desenvolvimento do país. Se um capitalista tiver de sacrificar os interesses da classe trabalhadora para manter os seus lucros e agradar aos acionistas, ele o fará sem hesitação, a menos que os trabalhadores se organizem e, pela sua força coletiva, o coloquem contra a parede. É preciso nacionalizar as empresas e colocá-las sob o controle dos trabalhadores!