Os moradores do quilombo Rio dos Macacos, localizado em Simões Filho (região metropolitana de Salvador/BA) relataram ameaças e tentativas de intimidação por parte de estranhos, que cercaram a comunidade e tentaram forçar portas e janelas na madrugada da última segunda-feira (10).
A tensão na comunidade se elevou após o assassinato do Sr. Vermelho (José Esídio dos Santos, 89 anos), que exercia o papel de uma liderança quilombola local. Tudo indica que o motivo foi a disputa de terras, com o possível envolvimento de militares da Marinha do Brasil, que impede a entrada de órgãos para averiguar o ocorrido.
A comunidade Rio dos Macacos é objeto de disputa com a Marinha, que tenta há décadas expulsar os quilombolas e tomar o controle de suas terras. Em 2017, foi feita uma denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos que salientava os espancamentos, torturas, abusos sexuais e ameaças cotidianas por parte dos militares da Marinha sobre os moradores. Somente a Marinha acessa o local de disputa.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de roubo, no intuito de esconder os verdadeiros culpados pelo assassinato do Sr. Vermelho e que sistematicamente intimidam e ameaçam a comunidade. Não há dúvidas de que o crime é político e tem relação direta com a disputa de terras. O enquadramento jurídico como roubo por parte da polícia cumpre a função de tentar despolitizar o crime e transformá-lo numa fatalidade por questões pessoais. Obviamente, não se trata disso.
O governo do fascista Jair Bolsonaro estimula o assassinato de lideranças quilombolas, indígenas e do movimento sem terra. No campo, já foi proposto o excludente de ilicitude, um salvo-conduto para os latifundiários e seus pistoleiros exterminarem os movimentos sociais. Bolsonaro deixa muito claro que, em seu governo, haverá total impunidade para os pistoleiros e as milícias fascistas do campo, por isso é preciso derrubá-lo do governo imediatamente através da mobilização popular.