A Bolívia vive, atualmente, um gigantesco levante popular em oposição ao golpe que a extrema-direita procurou dar após a renúncia de Evo Morales da presidência. Já passa de 30 o número de mortos pela repressão da polícia, dos militares e das milícias da extrema-direita. Além disso, o número de presos já passa de 600 e o número de feridos já passa de 500.
Tudo começou com as seguidas capitulações do partido Movimiento al Socialismo (MAS), de Evo Morales. Morales havia sido reeleito em primeiro turno, e por pressão da direita que alegou suposta fraude eleitoral, permitiu que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fizesse a auditoria das eleições. A pressão continuou e levou Evo Morales a chamar novas eleições, uma segunda capitulação. Pouco tempo depois, Morales renunciou ao cargo de presidente e o grupo de extrema-direita liderado por Luis Fernando Camacho, invadiu o Palacio Quemado em uma ação golpista, o que levou a protestos e conflitos nas ruas entre a extrema-direita e a classe trabalhadora boliviana.
Presidente autoproclamada
Em meio a toda essa crise, uma senadora do partido “Democratas” de oposição a Evo, Jeanine Áñez se autoproclamou presidente da Bolívia. Isso após a renúncia do vice de Evo Álvaro Liniera e da presidente do Senado, Adriana Salvatierra, próxima na linha sucessória para o poder executivo do país. Evo Morales se encontra, agora, refugiado no México.
Diante dessa situação, o povo está nas ruas lutando contra a extrema-direita golpista sem nenhum apoio das direções da esquerda e sem uma liderança que lhes possa dar uma orientação política sólida. Enquanto isso, o MAS, partido de Evo Morales, comete mais uma gravíssima capitulação no congresso. Segundo notícia do jornal local El Deber, as lideranças do MAS reconheceram Áñez como a presidente legítima da Bolívia e estão procurando fazer um acordo para a realização de novas eleições. A consideração dos parlamentares é que Evo Morales e seu vice abandonaram suas funções ao partirem pro México.
É importante ressaltar que essas eleições serão realizadas sob o controle da direita e que, uma vez derrotadas as mobilizações de rua da classe trabalhadora, o caminho estará aberto para a instalação de uma feroz ditadura. Apesar das sucessivas derrotas causadas por suas capitulações, a esquerda parlamentar boliviana não aprendeu a sua lição e coloca o povo e as organizações populares em risco terminal. É preciso lutar pelo Fora Áñez e pela recondução de Evo Morales ao cargo para o qual foi eleito.



