A terra indígena Araribóia no município de Bom Jesus das Selvas, região nordeste do Maranhão, voltou a ser invadida por madeireiros menos de um mês após a emboscada que resultou no assassinato covarde de Paulo Paulino Guajajara, patrulheiro do território habitado pelos povos Guajajara, Awa-Guajá e Kaapor e uma das lideranças do grupo de autodefesa Guardiões da Floresta.O conflito também deixou ferido o guardião Laércio Guajajara, atingido por tiros durante o ataque dos bandos armados pelos madereiros que resultou ainda em uma baixa do lado dos fascistas. Láercio apareceu em no documentário “Ka’a zar ukyze wà – Os donos da floresta em perigo” de 2018 denunciando que além das madereiras, a terra Araribóia é cobiçada por grupos interessados na extração de ouro e petróleo.
A milícia dos Guardiões foi formada em 2012, após a constatação de que a burocracia estatal, organizada idealmente à proteção dos direitos da comunidade indígena com entidades do governo estadual e federal, era incapaz de proteger o território do constante assédio dos grupos capitalistas interessados na pilhagem de suas terras. A falta de interesse por parte da máquina do Estado com o problema é tão grande que 13 índios foram assassinados no Maranhão desde 2016 sem qualquer resposta das autoridades quando se movem (e isto é importante frisar) agem tirando as lideranças de seus territórios, como ocorreu com 3 guardiões que hoje se encontram fora de sua área, sob o pretexto de impedir que as mesmas sejam assassinadas. A suposta proteção vinda das autoridades maranhenses e federais não impediu o assassinato do guardião Paulino Guajajara mas serviu para aumentar a debilidade da resistência indígena contra os invasores, que agora terão de se defender de invasões e saques de suas terras sem as lideranças da comunidade, ficando ainda mais a mercê das ameaças e ações armadas dos bandoleiros, cujo terrorismo já faz com que residências fossem alvejadas por tiros.
A situação inteira se torna emblemática do perigo constante a que está submetida a população brasileira como um todo mas especialmente aqueles grupos que já foram nominalmente ameaçados pelos fascistas, como é o caso dos povos indígenas do Brasil, que desde o golpe de 2016, se encontram na iminência de sofrer retrocessos enormes em relação aos direitos conquistados com muita luta e derramamento de sangue ao longo uma longa história marcada pela invasão de terras e toda sorte de abusos por parte do Estado.
É preciso intensificar a formação de milícias dedicadas a autodefesa dos povos indígenas e abandonar qualquer ilusão quanto a natureza tirânica do regime vigente desde o golpe, e que não tem outro interesse além da rapina de tudo que possa ser utilizado para acalmar as tensões internas no conjunto das nações imperialistas, já enormes pelo contexto de acentuação da crise histórica do capitalismo.