A população chilena está rejeitando mais uma tentativa do presidente de direita Sebastián Piñera de enganar as massas com falsas soluções para a crise política do país. Piñera já tentou concessões econômicas e sociais e não adiantou, depois tentou mudar seus ministros, em uma tentativa de fingir que uma troca desse gênero seria uma troca do próprio governo, manobra que também não funcionou para tirar a população das ruas. Durante esse mês de protestos, a repressão também foi intensa, deixando 22 mortos, milhares de detidos e centenas de feridos que perderam a visão de um olho, porque a polícia mira suas balas de borracha no rosto. Nada disso impediu a continuidade das manifestações.
Agora Piñera anuncia uma constituinte, em acordo com o Partido Socialista e a Frente Ampla. A constituinte inclusive é uma reivindicação das ruas, que quer enterrar a constituição legada pela ditadura do general Augusto Pinochet. Porém, a população não quer uma constituinte conduzida pela direita sob um governo de Piñera. Há um inclusive poder de veto para novos artigos para minorias de dois terços. Por isso os protestos continuam, e diversas entidades populares têm rejeitado a constituinte de Piñera e o acordo da esquerda do regime com a direita para chegar a essa constituinte.
O Colegio de Professores de Chile, entidade nacional de docentes, rejeitou a constituinte de Piñera. Assim como diversas entidades estudantis, decisivas em um movimento que tem participação principalmente de secundaristas pobres, que mantiveram manifestações todos os dias contra o governo nas grandes cidades do país. Essas entidades chamaram à continuidade da mobilização, sem recuar em nada diante do governo da direita.
Sem acordo
A direita golpista já tinha dado sinais de que não deixaria o poder e não faria nenhuma espécie de negociação nesse sentido, recorrendo, por isso, a uma intensa repressão contra a população. O caso do Equador, anteriormente, e agora o golpe da direita na Bolívia, reforçam que a América Latina entrou em uma nova etapa em que a direita não pretende ceder terreno, diferente da etapa anterior aos golpes de Estado que tomaram toda a região, quando a direita aceitou a ascensão de setores nacionalistas burgueses ao governo, com governantes como os Kirchner, Evo Morales e Lula.
O que essa direita pretende fazer é esmagar os trabalhadores, atacando suas condições de vida e sua capacidade de se organizar para reagir. Portanto, a esquerda reformista está operando com coordenadas ultrapassadas ao buscar acordos com a direita nessa nova etapa. O movimento contra o governo golpista no Chile corretamente está rejeitando o acordo da esquerda com Piñera, e sua exigência nas ruas expressa a reivindicação incontornável para essa nova etapa: que Piñera renuncie. O que poderíamos traduzir como um Fora Piñera!




