Diante de mais de 20 dias de protesto no Chile e mais de 20 mortos, a direita golpista, que apoia o governo neoliberal de Sebastián Piñera, está procurando manobrar para desmobilizar as manifestações chamando um plebiscito por uma nova Constituição. Na segunda-feira (11), a câmara de deputados do Chile aprovou a realização do tal plebiscito em 90 dias.
Segundo o deputado da região de Coquimbo Matías Walker Prieto, a decisão foi tomada após um debate de uma comissão que durou 10 horas. Na noite de Domingo (10), o governo Piñera já havia declarado que iniciaria o processo para uma nova Constituição através de um “Congresso Constituinte”.
A manobra da direita se apoia, por um lado, na necessidade da burguesia de conter os protestos, por outro lado na política confusa dos manifestantes chilenos, uma vez que não há uma direção política clara nos protestos.
A confusão da esquerda preside no determinado fato: a constituinte será realizada por Piñera e, portanto, controlada pelo próprio governo golpista que os trabalhadores estão combatendo. A realização de Assembleia Constituinte só poderia ser feita após terem derrubado o governo neoliberal.
É fundamental, diante de todos os ataques do governo aos trabalhadores, chamar, neste sentido, o Fora Piñera, que é a palavra de ordem mais popular do país há dezenas de dias. O país vive uma extrema convulsão social, a luta de classes está acirrada. Na terça-feira (12), os trabalhadores realizaram uma greve geral, que contou com a participação de milhões de trabalhadores, com a realização de um ato de 200 mil pessoas na capital do país.
Mais de 850 pessoas foram detidas e quase 50 foram feridas pela repressão de Piñera. Desta forma, o governo mostra que não irá recuar diante das manifestações. Por isso, não é de se esperar que a convocação de uma constituinte por Piñera não passa de uma manobra para conter as mobilizações que tomaram conta do país.
Desta forma, não se deve pedir uma nova constituição com Piñera, mas exigir a derrubada do governo, como o Fora Piñera, para só então chamar uma nova constituição para derrubar os resquícios pinochetianos que se mantém na atual.