Como relembram as imagens aqui publicadas, a campanha em favor do teologia ilusionista do economista de nacionalidade austríaca e, posteriormente, norte-americana, Ludwing Von Mises (1881-1973), ganhou destaque entre os ultra-reacionário direitistas, defensores do golpe de Estado que, em 2016, derrubou a presidenta Dilma Rousseff para impor ao um profundo ataque à economia nacional e fazer retroceder – como nunca – as condições de vida da maioria da população em favor do imperialismo, destacadamente, o norte-americano, um dos principais patrocinadores da operação golpista.
Simpatizante do nazismo, Mises é autor de “pérolas” tais como sua tese de que o trabalho humano não produz valor, mas o que produz valor é a máquina.
Em um verdadeiro “achado”, chegou à redação desse Diário. o link de uma matéria, de 2016, enviado por um nosso leitor, em que o então deputado estadual do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Edilson Silva, fundador e presidente estadual do PSOL-PE, pelo qual também disputou as eleições para governador (2006 e 2010), para a Prefeitura do Recife (2008)e para o Senado Federal (2018), assinala que “Marx e Mises não são incompatíveis”.
Ao mesmo tempo, o psolista escreveu que “o século XX desautorizou grande parte das experiências que se disseram inspiradas no socialismo científico inaugurado por Marx e Engels”
Em sua “salada”, ele acrescenta que “Marx nunca esteve tão atual como neste século XXI” e chama os militantes da direita fascista que apoiam Mises e da esquerda revolucionária – que se orientam pelo marxismo – de “torcidas organizadas” que, segundo o pseudo marxista (ele se diz marxista, mesmo sem ser capaz de se ater à realidade, ao materialismo, em suas “teses”), “há tempos abdicou da condição de reflexão crítica“.
Falsificando a realidade, o fundador e então dirigente do PSOL, afirma que “Lênin patrocinou mais um “encontro” entre Marx e Mises. Em 1921, após perceber que os camponeses não se adaptavam à produção coletiva e voluntária para abastecer as demandas do povo russo, Lênin elaborou e liderou a implementação da NEP, Nova Política Econômica, que consistia em permitir e incentivar o funcionamento de mecanismos de mercado na economia russa“, ocultando o fato de que o governo soviético adotou a NEP por conta do isolamento da revolução russa, no cenário internacional, que criava profundas limitações para a economia planificada, e que o fazia em caráter provisório, tendo claro que era impossível estabelecer o “socialismo em um só País”, como depois afirmaria o chefe da reação burocrática, Josef Stálin.
Mente também quando afirma que “além de “Paz, Pão e Terra” e “Todo poder aos soviets”, a Rússia Revolucionária conheceria mais uma palavra de ordem impulsionada pela cúpula dos bolcheviques: “Camponeses, enriquecei-vos”., apresentando-as como se tivessem sido empregadas todas ao mesmo tempo e como se essa última não fosse o resultado do cerco realizado pelo imperialismo à URSS, inclusive, com a invasão do País por 14 exércitos, para derrotar a jovem república soviética, sem que tivessem sucesso, mas com enormes estragos provocados à vida de milhões de pessoas.
Em seu afã de contemporizar com a direita, o psolista reafirma as calúnias dos fascistas, dos nazistas e da imprensa burguesa contra Stalin acusando-o de impor “uma das páginas mais trágicas da história daquele século e talvez da humanidade“. Reforçando a acusação do imperialismo de que Stalin foi pior do que Hitler, a carnificina gerada pelas primeira e segunda guerras mundiais, todas “obras” do imperialismo.
Em suas verdadeiras miragens, o “marxista” Edilson vislumbra na NEP da Rússia revolucionária e no keynesianismo, adotado pelo imperialismo na Europa Ocidental, “uma inspiração em comum: encontrar uma economia e uma sociedade livres, que atendesse ao interesse das maiorias sociais”. Assim depois de ter, de fato, apoiado a ascensão do nazismo e do fascismo contra a classe trabalhadora e a revolução, o imperialismo teria – milagrosamente -se convertido à necessidade de atender “ao interesse das maiorias sociais”. Delírio total!
Silva “viaja” por um suposto “encontro entre Marx e Mises”que segundo ele estaria “levando-nos a uma nova consciência social, a uma nova ética inclusive nas relações econômicas”. Isso quando a esquerda e setores que defendem os interesses dos explorados e até mesmo os direitos democráticos do povo brasileiro (mesmo sem ser socialistas ou assim se declararem para ganhar votos) estavam se enfrentando nas ruas, diante da ofensiva direitista para derrubar o governo eleito pela maioria da população brasileira, rasgar a Constituição e impor o maior retrocesso nas condições de vida do povo trabalhador da historia do País, das última décadas.
É claro que fez isso tudo (e muito mais) estando em um Partido que não se opôs ao golpe de Estado, que apoiou (e em parte continua apoiando) a criminosa operação lava jato, em nome desses supostos interesses comuns entre a direita e a “esquerda”.
Parafraseando o nome do seu partido, Silva encerra o texto afirmando que “Socialismo com liberdade é assim!”. Esclarecedor das posições oportunistas e contra-revolucionárias do PSOL, que revela que tipo de políticos pequeno burgueses que dominam o PSOL (ou disputam o seu domínio), bem como a canina política de conciliação com os direitistas mais reacionários, de gente que – entre tantas tolices – defende que “fome, miséria e extermínio em massa humaniza o ser humano“.
Como afirmamos em refutação aos seguidores de Mises no Brasil, aqui nesse Diário, “se o capitalismo levasse a uma progressiva humanização de nossa sociedade, não teríamos hoje a destruição de países inteiros como a Síria, Iraque e Palestina. Não teríamos a fome e violência social generalizada pelos continentes sul-americano e africano. Não teríamos um golpe atrás do outro, em países como a Honduras, Paraguai e Brasil, gerando mais e mais pobreza, inclusive com emigrações em massa e refugiados por todos os lados, como observamos hoje“.
Edilson Silva, os muitos psolistas que acompanham suas idéias e não enxergam (porque não querem) é que não há a menor compatibilidade das teses absurdas de Mises no sentido da “humanização’ do capitalismo, com a as conclusões de Marx a cerca da inevitabilidade do socialismo, como forma de superação da sociedade de exploração do homem pelo Home, de fome e miséria que o atual sistema dominante representa. Da passagem do regime de acumulação dos monopólios, de fome e miséria para a maioria para um regime no qual é suprimida a acumulação de capital, toda a riqueza produzida não tem outro destino que não o de voltar diretamente para a sociedade, ou como incremento dos meios de produção ou diretamente através dos produtos gerados pela própria sociedade em seu benefício. Proporcionando uma situação na qual “ao contrário do que ocorre no capitalismo, os avanços de produtividade geram a necessidade de menores jornadas de trabalho ao mesmo tempo que levam a uma sociedade cada vez mais rica“.
O ex-deputado e seu ex-partido negam isso por que se opõem terminantemente, de todas as formas, à ideia de que “precisamos da luta da classe revolucionária que é a classe operária para exterminar o capital e a burguesia parasitária da humanidade. Precisamos do socialismo” e defendem um regime de colaboração e convivência com o grande capital golpista e explorador que seja capaz de satisfazer os seus próprios interesses.