Após vencer as eleições e renovar o mandato do primeiro-ministro Antônio Costa, o Partido Socialista de Portugal (PSP) se destaca da Geringonça e pretende governar sem o tradicional apoio dos partidos de esquerda. Agora que os partidos que lhe davam sustentação encontram-se desgastados, o PSP se coloca à frente para cimentar a política direitista que lhe é inerente.
Embora a vitória do PSP se apresente como um avanço diante do recrudescimento da extrema-direita em toda a Europa, é preciso desmistificar o entusiasmo que diversos setores da esquerda pequeno-burguesa tem apresentado em relação ao velho conhecido PSP. O jornal golpista Estadão chegou a publicar uma matéria nesta segunda-feira (14), buscando dar as coordenadas para a esquerda brasileira. Para os golpistas que sempre lutaram para enterrar a esquerda brasileira, uma geringonça seria muito bem-vinda. Em outras palavras, para o jornal da burguesia, uma aliança da esquerda. Essa política – velha conhecida da burguesia – tenta recompor seu capital político através da reciclagem dos partidos burgueses tradicionais. Para isso, a direita recorre ao apoio da esquerda para que haja uma aproximação ao centro, evitando a polarização política, o que colocaria em xeque todo o golpe engendrado na derrubada da presidenta Dilma Rousseff (PT).
É justamente essa política que está sendo levada adiante em Portugal. O acordo informal entre o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista (PC) – conhecido como Geringonça já ergueu a estrutura necessária para o PSP colocar em prática a sua política direitista e pró imperialista; agora que o BE e o PC estão desgastados perante a população, o PSP goza de autonomia e pode aproximar-se da direita sem que haja uma polarização capaz de combate-la.
A matéria termina com a seguinte frase: “Mas toda e qualquer experiência que, antes e tudo, fuja de extremos e busque a conciliação é uma luz num cenário escuro”. Ou seja, a aposta da burguesia é em um governo que dê sustentação ao golpe e evite a polarização política, o que pode prejudicar o andamento dos ataques contra toda a população. A fuga dos extremos – notoriamente exemplificada pela tentativa de formação de uma frente ampla, como o movimento “Direitos Já!”, constitui-se, para a esquerda, uma política liquidacionista, a qual só interessa à burguesia. Após utilizar a esquerda como eixo de sustentação, a direita tradicional, novamente, se posiciona no centro da política – reciclada e pronta para impor sua política reacionária e golpista. É preciso, contudo, deixar claro que o jornal golpista não tem interesse algum em aconselhar a esquerda, pelo contrário, esses “conselhos” só servem para enterrá-la.