No último domingo (13/10), o Mercosul e os presidentes do Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul (Prosul) declaram apoio ao governo capacho dos norte-americanos de Lenin Moreno, no Equador. Condenaram as manifestações populares que tomaram conta do país. Segundo as organizações internacionais, trataria-se de uma tentativa de desestabilização do governo.
Manifestações no Equador
As manifestações contra o governo ocorrem em larga escala desde que o governo estabeleceu uma lei que encerrou com os subsídios estatais aos combustíveis – medida que aumentou de forma estratosférica o preço dos combustíveis no país. A política de Moreno faz parte de seu acordo com os grandes capitalistas financeiros internacionais do Fundo Monetário Internacional (FMI), após o presidente equatoriano apelar banco um empréstimo de mais de US$ 4,2 bilhões.
A medida inicialmente mobilizou diversos trabalhadores do transporte e caminhoneiros, que paralisaram atividades contra o presidente, e em seguida atingiu o conjunto da população que saiu às ruas contra o pacote de austeridade promovida pelo presidente junto ao FMI. Há semanas, como tem sido acompanhado por este Diário, o povo equatoriano tem saído às ruas para lutar contra a ditadura de Lenin Moreno, que após grandes manifestações decretou regime de exceção – que, dentre outras coisas, permitiu-o colocar as Forças Armadas nas ruas para reprimir as manifestações e estabelecer censura a órgãos da imprensa.
Internacional fascista
É essa ditadura que o Mercosul apoia. Após a derrubada dos governos de esquerda na América Latina, a organização internacional latino-americana foi tomada completamente por governos direitistas de características ou abertamente fascistas – todos eles capachos do interesses dos norte-americanos.
Nota divulgada pelo Prosul diz o seguinte: “Respaldamos os esforços que o Governo do Equador realiza para manter a paz, a ordem pública e a institucionalidade democrática, utilizando os instrumentos que lhe outorga a Constituição e a lei; Condenamos os atos de violência e as tentativas de desestabilizar o país, sua institucionalidade e o processo democrático equatoriano.”
Isto é, apoiam as medidas ditatoriais, violentas, agressivas e de repressão de Moreno “para manter a paz” (dos capitalistas estrangeiros), enquanto condenam as manifestações legítimas da população contra os ataques do governo, afirmando que seria uma tentativa de “desestabilizar o país, sua institucionalidade e o processo democrático equatoriano.”
Na realidade, quem está desestabilizando o país, jogando o povo na miséria e atacando a população é o próprio presidente Lenin Moreno, que – ele sim – atacou “o processo democrático equatoriano” quando mentiu para toda a população, candidatando-se como representante da esquerda e continuador da política de Rafael Correa, mas atuando, de forma traíra como serviçal do imperialismo.
Prosul: instrumento da direita
O Prosul tem servido como instrumento da direita na América Latina, por isso defendem Lenin Moreno. Surgiu para acabar com a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), que foi segundo a própria imprensa burguesa “praticamente desativada” pela divergência entre os países que formam o Prosul, sob o controle da direita, com a Venezuela e a Bolívia, que são países nacionalistas de esquerda; e que, portanto, estão em contradição com os interesses do imperialismo.
Por isso, na nota, atacam também a Venezuela, dizendo o seguinte: “Ademais, rechaçamos qualquer ação externa destinada a alterar a ordem pública e a convivência pacífica no Equador”. Essa “ação externa”, como afirmou a maioria dos jornais da burguesia, seria exercida pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que estaria incentivando as manifestações contra o governo capacho de Lenin Moreno.
A extrema-direita brasileira, através do ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, Ernesto Araújo, deu apoio à ditadura de Lenin Moreno. Nas redes sociais, o ministro brasileiro afirmou: “A América do Sul está mobilizada em defesa da democracia no Equador, onde forças de esquerda, apoiadas na rede criminosa do Foro de S. Paulo, com violência e vandalismo, tentam solapar o Presidente legítimo Lenin Moreno. A ameaça é continental, a resposta tem que ser continental”, defendendo a aliança da direita latino-americana contra o povo equatoriano e a esquerda do continente.