Quanto mais profunda a polarização política, menos favoráveis as condições para a estabilização de elementos centristas na política. Isso vale para a política nacional, mas vale também para os grupos da esquerda. O PSTU, que desde antes da queda de Dilma Rousseff pelo golpe de Estado vem se colocando como uma espécie de apêndice esquerdista da direita golpista, está sofrendo o resultado da polarização cada vez mais profunda no Brasil. O mesmo vale para sua organização sindical, pretensamente chamada de “central”, a Conlutas.
A Conlutas, que anos depois veio a se chamar CSP-Conlutas, foi fruto de uma política ultra-esquerdista do PSTU que no momento em que o PT se encontrava no governo, procurou agrupar setores da esquerda pequeno-burguesa numa política divisionista em relação à CUT. Acusavam a CUT de ser “governista”, pelega e até patronal e que portanto o correto seria romper com a Central e formar uma “central” própria.
Naquele momento, aproveitando-se do governo de conciliação do PT, a política do PSTU conseguiu gerar confusão em alguns setores da esquerda pequeno-burguesa centrista.
A política, por princípio errada, de dividir as organizações sindicais, rendeu ao PSTU uma aparente posição de opositor formal ao PT dentro de setores, ainda que muito minoritários, da burocracia sindical. No discurso, a Conlutas atacava a política de conciliação petista no governo e nos sindicatos enquanto que no essencial e na prática mantinha a mesma política que a burocracia petista.
Conforme se desenvolveu a situação política, a Conlutas foi se estabelecendo como um grande fracasso que culminou no apoio ao golpe de 2016. O golpe marca o rompimento por parte da direita da política de conciliação feita durante os mandatos petistas. Ou seja, o PT se viu acuado pela burguesia. Isso levou a uma nova configuração da relação de forças entre as classes sociais e a consequente polarização política.
A Conlutas, que se alimentava do discurso contra a política de conciliação, para se manter desesperadamente viva, foi jogada para a direita, para o apoio ao golpe. Ou continuava atacando o PT e se aliava aos golpistas ou abandonava toda a sua política de competição com o PT o que levaria necessariamente ao fim da organização.
A crise da Conlutas, que se expressou muito claramente no último congresso que aconteceu no final de semana, é a expressão da polarização política cada vez mais aguda no País. Não há espaço para uma política centrista. Ou se está contra a direita ou se está a favor dela.