A imprensa capitalista está promovendo toda semana o nome de Luciano Huck, apresentador da Rede Globo, como candidato à presidência da República. Sábado, dia 4 de outubro, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem com o seguinte título sobre o assunto: “‘É uma espécie de chamado’, diz Angélica sobre eventual candidatura de Huck”. A própria reportagem repercutia outra aparição de Huck como candidato na imprensa burguesa: uma entrevista da esposa de Huck à revista Marie Claire. Esses são dois exemplos entre muitos outros. Procurando apresentar como notícia, a imprensa está fazendo uma enorme campanha em torno de Huck.
Ainda estamos em 2019, no entanto, e por isso cabe a pergunta: estará a burguesia preparando Huck apenas para uma campanha eleitoral no distante ano de 2022. Estariam os donos do regime político com a mesma política da esquerda pequeno-burguesa de “esperar 2022”? Aparentemente, é muito cedo para que se trate apenas disso. A burguesia está preparando um candidato para antes de 2022, porque Bolsonaro está em uma crise profunda e pode cair muito antes do final de seu mandato. Portanto, Huck não é candidato para 2022, mas para já.
A esquerda está dormindo
Enquanto a burguesia começa a preparar publicamente possíveis saídas para a crise política da direita golpista, a esquerda dentro do regime não intervém na situação. Fica assistindo os acontecimentos, recusando-se a levantar palavras de ordem como Fora Bolsonaro! e Liberdade para Lula!, que são populares e têm o potencial de colocar a direita golpista na defensiva. Essa omissão poderá custar caro em breve, com a direita manobrando mais uma vez para continuar no poder, tentando contornar a turbulência política enquanto continua levando adiante as políticas neoliberais contra a população.
A direita manobrou quando deu o golpe de Estado em 2016, procurando apresentar o impeachment como um processo normal, e Temer como o legítimo presidente depois de assumir, sendo vice de Dilma até o golpe. A legitimidade de Temer rapidamente desmoronou, mas foi o tempo para aprovar a reforma trabalhista e fazer outros ataques contra a população. Com a fraude eleitoral do ano passado, mais uma vez a direita manobrou para apresentar um golpista como alguém que tivesse sido democraticamente eleito. Essa farsa também durou pouco, e Bolsonaro já aparece como extremamente impopular. Por isso a direita já prepara uma nova manobra.
É preciso apresentar uma saída à esquerda para a crise
Não podemos permitir que a direita resolva a crise política com mais uma saída à direita. É preciso aproveitar a crise do governo e a disposição de mobilizações para ir para cima da direita com grandes protestos pela derrubada de Bolsonaro e pela libertação de Lula. Antes que a própria direita remova Bolsonaro e venha com mais uma manobra, do tipo que estão ensaiando ao apresentarem Luciano Huck como candidato persistentemente, em uma grande campanha eleitoral antecipada.





