Na quinta-feira, Bolsonaro havia anunciado a substituição do Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi. A PF havia informado que o substituto seria Carlos Henrique Oliveira, nome indicado pelo diretor-geral da instituição. Mas Bolsonaro já havia acertado previamente que o cargo iria para Alexandre Silva Saraiva, atual superintendente da PF no Amazonas.
Questionado pela imprensa, Bolsonaro se manifestou sobre a divergência, da maneira boçal que lhe é costumeira: “Quem manda sou eu, vou deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu. (…) Quando vão nomear alguém, falam comigo. Eu tenho poder de veto, ou vou ser um presidente banana agora?”
A imprensa burguesa tentou se aproveitar da divergência para indispor Bolsonaro e a PF. Mas o fato parece expor contradições dentro do Governo. Desde o início do ano já se falava em substituir Saadi. Outros onze superintendentes estaduais já foram trocados. Mas fica demonstrada uma divergência entre a corporação policial e os interesses do Executivo.
Bolsonaro queria – e conseguiu – colocar um nome de sua confiança para um estado tão crítico como o Rio de Janeiro, de onde ele e a família surgiram politicamente e deixaram rastros. É lá que podem ser encontradas conexões com as milícias, o uso de laranjas como Fabrício Queiroz etc. São cartas que a burguesia mantém e que podem ser usadas, ocasionalmente, para intimidar e controlar os bolsonaristas. Nomeando um superintendente na PF carioca, Bolsonaro tenta se proteger numa área onde está vulnerável.