Entidades de defesa dos direitos humanos denunciam que o grileiro Marcello Bassan está ateando fogo em terras públicas da União, ocupadas no estado do Mato Grosso. A ideia do grileiro é queimar a área para expulsar as famílias do pré-assentamento Boa Esperança, localizado no município de Novo Mundo, região norte do MT.
Desde o último sábado (12), as chamas avançam. As famílias assentadas relatam que o fogo veio da sede da Fazenda Araúna, de propriedade do grileiro. Cerca de 90% da área ocupada pelas famílias, de 4.500 hectares, foi queimada, com a destruição de casas, plantações, cercas e mortes de pequenos animais. A intenção é, acima de tudo, assassinar as famílias que moram no pré-assentamento e reivindicam a reforma agrária.
As queimadas no Mato Grosso já destruíram 12% do bioma Pantanal. Informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam para o crescimento de 220% nos incêndios neste ano. O total de focos de incêndio é superior a 7 mil, o que caracteriza um recorde histórico.
As famílias registraram boletins de ocorrência na Polícia Civil de Guarantã do Norte e cobraram do governo estadual uma posição. Contudo, o que se visualiza é a completa cumplicidade das autoridades políticas, policias e judiciárias com os fazendeiros e seus pistoleiros. Estes desfrutam de total impunidade, mesmo que causem uma enorme destruição ambiental e se utilizem do fogo para, deliberadamente , tentar assassinar famílias inteiras.
O governador direitista Mauro Mendes Ferreira (DEM) é um representante político dos latifundiários, que controlam o aparelho estatal no Mato Grosso. O poder público é direcionado para atender aos interesses dos ruralistas, interessados na exportação de produtos agrícolas. Um dos estados mais violentos, com maiores índices de conflitos no campo, é justamente o Mato Grosso.
O presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) tem na bancada ruralista, um dos agrupamentos políticos maiores e mais influentes do Congresso Nacional, um dos pilares fundamentais de sustentação de seu governo. O próprio presidente fascista reconhece que estimula o avanço do latifúndio sobre os assentamentos e combate os movimentos de luta pela terra.
O crescimento recorde das queimadas têm estreita relação com os interesses dos latifundiários, que, apoiados por Bolsonaro e todo o bloco político golpista (DEM, PSDB, MDB, Progressistas, Republicanos, PL, PSD), que buscam se apropriar das terras públicas e extinguir os assentamentos e acampamentos no país. É preciso que os movimentos de luta pela terra se organizem e combatam os latifundiários, a partir da reivindicação democrática de reforma agrária, para com isso quebrar o poder econômico e político do latifúndio exportador.