Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), são 30 mil o numero de infectados entre os povos indígenas, com 800 mortos e 156 povos da população indígena Brasileira diretamente afetados pelo completo descaso das instituições governamentais e econômicas acerca do tratamento e prevenção do Covid 19. Apenas em Pernambuco, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) já contabiliza pelo menos 294 e 43 infectados ativos.
Para cacique Dorinha, do povo Pankará, residindo nas Serras da Cacária e do Arapuá no sertão de São Francisco, a falta de demarcação dos territórios agrava os efeitos da pandemia entre a população indígena. O povo Pankará não tem território demarcado, portanto, de acordo com a Cacique, “todo mundo pode entrar no território e sair na hora que quer”.
Para Daniel Maranhão Ribeiro, assessor jurídico do Cimi no nordeste, “A não-demarcação faz com que se fragilizem os direitos e dificulte a chegada de políticas públicas em todos os sentidos, tanto na criação de escolas para a educação especial indígena, quanto para ter água tratada e os sinais e as estradas reformadas para acesso à comunidade” além disso a não-demarcação é uma velha estratégia de retomada de terras indígenas por parte do latifúdio, que usa da grilagem e de bandos armados no campo para avançar contra os povos tradicionais, sem-terra e quilombos. Terras não demarcadas estão livres para terem seus moradores despejados pelo Judiciário golpista e pela polícia, a mando desses latifundiários; o que foi denunciado pelos próprios indígenas, que alegaram que a Funai negou apoio a aldeia ameaçada com ação de despejo.
Por exemplo, o povo Pankararu Opará, do território no município de Jatobá, ainda não possui demarcação, ainda não sofreram casos de Covid 19, por outro lado sofreram ameaças politicas por bandos do campo, como a cacique Valdenuzia Tavares denuncia.
Ribeiro ainda ressalta a importância vital para o povo indígena, e que essa demarcação não representa apenas uma “mera terra, um bem econômico, como a nossa sociedade e o mercado vêem, mas é o ponto de partida para a preservação da cultura, das tradições, da relação com a natureza, a possibilidade de se ter os terreiros sagrados, de se criar as gerações, todos os vínculos seculares, com as árvores sagradas”
Esses povos de terras não demarcadas possuem recursos limitados, assim como pouco acesso a postos de saúde e tratamento. Essas denuncias e compreensões acerca da não demarcação das terras indigenas servem para ilustrar a política criminosa de Bolsonaro, que está promovendo uma verdadeiro genocídio da população indígena no País.