Depois de mais de uma mês sem um grande ato de rua contra o governo, as manifestações dessa terça-feira, dia 13, marcaram uma retomada da mobilização. Em quase 150 cidades, segundo dados da CUT, o povo saiu na rua para protestar.
Embora tenham sido manifestações importantes e necessárias para o retorno da mobilização, os atos do dia 13 estiveram longe de ser representativos como as manifestações de massas de maio e junho. É preciso fazer um balanço do porquê desse fato para uma análise adequada da situação política.
Em primeiro lugar seria errado concluir que a tendência de luta e de radicalização reflui. Na realidade, os fatos mostram o contrário. Desde junho, a situação do governo golpista piorou do ponto de vista das massas. Até mesmo a burguesia não consegue esconder a impopularidade do governo. Disso, é preciso concluir que o problema central não está no povo, mas nas direções dos atos.
As grandes organizações por trás dos chamados das manifestações insistem em convocar atos tendo como centro as reivindicações parciais. Nesse caso do dia 13, os cortes na educação. É notável em todos os atos que o que unifica os manifestantes é a luta contra o governo, que está materializada na palavra de ordem de Fora Bolsonaro. Essa manifestação, embora menor, apresentou esse fato de maneira ainda mais clara. Mais ainda do que nos atos anteriores, os presentes se unificavam pelo Fora Bolsonaro.
Ao insistir nas reivindicações parciais, as direções dos atos dispersam e desorientam essa tendência de luta. Em maio, o problema da educação foi o estopim para que as massas fossem às ruas. O estopim, no entanto, não é o fator político essencial que mobiliza o povo. Ele serve apenas como um último empurrão para a mobilização.
O que colocou o povo na rua tanto naquele como neste momento foi o sentimento generalizado de que é preciso derrotar o governo. Ao insistir no problema da educação agora, as organizações estão desmobilizando o povo naquilo que realmente os unifica nas manifestações.
Por isso é preciso chamar o povo para a rua tendo como centro a derrubada do governo golpista. Se amanhã, outra medida destrutiva de Bolsonaro servir como estopim para enormes mobilizações, é preciso dar a vazão política para elas e não procurar esfria-las ocultando o problema político central.
O que faltou para esse dia 13 foi uma campanha permanente de mobilização pela derrubada de Bolsonaro. É isso o que o povo já demonstrou que quer.