No dia 19 de setembro de 1868, tomou lugar um levante popular que ficaria marcado na história do povo espanhol. Em Cádis, no Sul da Espanha, sob o comando de Juan Bautista Topete, as forças navais amotinaram-se contra o governo de Isabel II.
O governo de Isabel, que teve início logo em sua infância, em 1833, foi marcado por uma série de crises que levariam à sua deposição. Brevemente, se resumem a 4 pontos fundamentais: crise financeira, engendrada pela quebra de alguns bancos e pelo rápido endividamento do Estado; crise agrária, provocada por secas e más colheitas que resultaram na fome entre a população; crise industrial, devido à um aumento nos preços de algodão, importado dos Estados Unidos que, na época, estava no meio da famosa Guerra de Secessão; e, finalmente, crise política, resultado da incompetência dos governos moderados que não conseguiram administrar o país e em suas recusas de alternar o poder com os progressistas.
Por conseguinte, imbuídos em um sentimento de extrema revolta, os sublevados lançaram um manifesto que deixava suas intenções claras: uma reforma política. Depois, o general Prim uniu-se a Topete e ambos tomaram o controle de Cádis. Logo buscaram o apoio em outras cidades como Sevilha, Córdoba, Barcelona, Huelva, etc. Formaram-se Juntas Provinciais que se encarregaram de mobilizar a população por meio das políticas do sufrágio universal, da eliminação de impostos, do fim do recrutamento forçoso e de uma nova constituição. Nas cidades, as Juntas revolucionárias, formadas por democratas e progressistas, assumiram o poder.
Vale notar que a constituição das forças interessadas na reforma política lançada pelas tropas de Topete era extremamente heterogênea. Os militares visavam substituir a Constituição e o monarca, manter a Monarquia. Enquanto isso, os setores mais radicais desejavam realizar uma verdadeira revolução burguesa, instituindo uma república no país. Além disso, vale notar a participação de grupos camponeses andaluzes, que lutavam pela Revolução Social. Basicamente, existiam quatro blocos políticos participando das decisões: os unionistas, os progressistas, os republicanos e os democratas.
Com isso, iniciou-se um processo revolucionário que resultaria no exílio de Isabel II e no estabelecimento de um governo de transição, encabeçado pelo general Serrano, principal expoente dos unionistas, que foi nomeado chefe do governo provisório, e por Prim, representante dos progressistas, nomeado Ministro da Guerra. Essa campanha revolucionária deu início a um período intitulado Sexênio Revolucionário, tido entre o triunfo da revolução, em 1868, até a Restauração Bourbônica, em 1874.