Os números da pandemia do coronavírus não param de crescer em todo o mundo. Os especialistas e autoridades sanitárias falam em uma nova onda de infecção e isso é o que está parecendo mesmo acontecer. Na verdade não é correto falar em “segunda onda”, pois o que vem ocorrendo é a continuidade da situação anterior, onde a epidemia, em momento algum, esteve sob controle, mas tão somente apresentou, em alguns poucos lugares, tímidas quedas nos índices de novos infectados, em razão de medidas mais efetivas de isolamento e cuidados preventivos.
Dados atualizados da covid-19 apontam para um quadro trágico e estarrecedor, onde o quantitativo de mortos já se aproxima da marca de 1 (um) milhão, número este que pode ser atingido no início de outubro, segundo projeção dos organismos internacionais que lidam com a problemática da pandemia. Na Europa, por exemplo, em mais de 30 países há indícios muito consistentes de aumento nos casos de novas infecções, o que fez soar o alarme da OMS, recomendando o retorno às normas e procedimentos no que diz respeito aos protocolos de prevenção e segurança sanitária.
Em meio a esta situação preocupante quanto à continuidade e números crescentes da pandemia em todo o mundo, surge como positiva o desenvolvimento de vacinas e antídotos produzidos por alguns países (China e Rússia, principalmente) que já se encontram em estágios avançados, onde testes em humanos, com resultados muito promissores, começam a ser anunciados. Todavia, como tudo na economia capitalista, onde a regra é sempre a competição desigual entre ricos e pobres, a corrida para ter disponível a vacina como recurso imunobiológico capaz de imunizar grandes contingentes populacionais também está sujeita a este critério.
Um relatório elaborado pela ONG Oxfam aponta que um grupo de países que representa apenas 13% da população mundial já adquiriu mais da metade das doses prometidas da vacina contra a covid-19. Os dados foram obtidos a partir de informações constante de contratos com os laboratórios onde o desenvolvimento da vacina já se encontra em etapas mais avançadas. O diretor da Oxfam, Robert Silverman, classificou a informação como “preocupante” e reforçou que garantir o acesso da vacina aos países e povos é tão importante quanto desenvolvê-la. “O acesso às vacinas que salvam vidas não deveria depender de onde se vive ou de quanto dinheiro se tem” (Portal IG, 17/9), ressaltou Robert Silverman, diretor da Oxfam.
Em tom crítico, Silverman também atacou “a postura das grandes corporações farmacêuticas em proteger os monopólios e a patente de cada vacina, que deveria ser compartilhada gratuitamente para o desenvolvimento de uma “vacina do povo”. Até o momento, 2,7 bilhões (51%) das doses já negociadas estão em países como EUA, Reino Unido, Japão e Suiça. (idem, 17/9).
O que se vê neste momento é que a pandemia mundial, assim como outras catástrofes que afligem a humanidade, são exploradas em benefício de uma ínfima minoria de privilegiados que controlam a economia mundial, um punhado de poucos países que impõem o jugo opressor do capital e da superioridade militar sobre todos os povos. A derrota do capitalismo e o fim da propriedade privada dos meios de produção se tornou vital para a sobrevivência da humanidade.