A esquerda pequeno-burguesa, diante do aprofundamento da crise do golpe e do governo Bolsonaro, parece se esconder mais ainda detrás de políticas inócuas, cujo único resultado será a derrota dos trabalhadores. Uma delas é a insistência em uma política parlamentar e eleitoral. Uma oposição que visa apostar em um suposto desgaste de Bolsonaro, que nada garante, no final das contas, será efetivo. É uma política que tem como principal objetivo esperança em 2022, já que do ponto de vista da atividade parlamentar, seria muita ingenuidade acreditar que o Congresso dominado pela direita poderia protagonizar algum avanço contra a sanha destruidora dos golpistas.
Outra característica é que a oposição desses setores é parcial, ou seja, visa a combater cada uma das medidas colocadas pelo governo. Hoje a reforma trabalhista, amanhã a da Previdência, depois um ataque a uma organização política, depois a privatização da Petrobras e dos Correios e assim por diante. Essa política, aliada à política parlamentar, vai de derrota em derrota até que se chegue nas próximas eleições. Não se sabe se vivos.
Em decorrência dessa oposição parcial está a política das manifestações a conta gotas. Tem sido claro, pelo menos desde que aumentaram as mobilizações de rua contra o governo, que as direções das organizações populares de massas apostam em um ato por mês. Foram duas manifestações de massas em maio, uma em junho, nenhuma em julho. É preciso mudar essa política em agosto. Já existe uma grande manifestação marcada para o dia 13 e outras manifestações menores para o mês.
A situação política indica que agosto será um mês quente de grandes lutas contra o governo. É preciso dar vazão a essa tendência e sair da política de manifestações a conta-gotas.
É preciso generalizar a luta tanto do ponto de vista da multiplicação dos atos e manifestações como do ponto de vista das reivindicações. Está claro que o que unifica todas as reivindicações é a luta pela derrubada do governo. É a palavra de ordem de Fora Bolsonaro.
A situação política está preparada para derrubar o governo. O povo já deixou claro que é isso que quer, falta as direções políticas indicarem o caminho. Nesse sentido, é preciso ultrapassar a política dos setores que não querem chamar o Fora Bolsonaro, intensificando a mobilização nas bases e impulsionando a luta pela derrubada do governo e de todos os golpistas, colocando como palavra de ordem também as eleições gerais com Lula candidato.