Ao modo de mercenários, milícias se instalam em reservas indígenas ao redor do país para levar medo às comunidades. O objetivo, obviamente, é expulsá-las ou exterminá-las, facilitando a entrada de garimpeiros, madeireiros, fazendeiros e, agora, imobiliárias.
Este procedimento, conhecido como grilagem, é histórico no Brasil e remonta ao “descobrimento”, quando a Coroa Portuguesa dividiu um território continental e desconhecido entre 12 famílias. Com a Lei da Terra, de 1850, o governo oficializa o poder capitalista sobre a terra, abolindo a transmissão por meio da sesmaria (a terra seria doada ao proprietário que comprovasse uso da terra por pelo menos 3 anos). A partir daquela data, a propriedade só seria garantida por meio da compra.
Mas como comprar áreas que já estavam ocupadas e eram fonte de sustento dos povos originários? Para isso a violência sempre foi usada como recurso. Segundo o jornalista Hanmikson Andrade, em reportagem para a UOL, os índios denunciam a utilização de armas pesadas, como metralhadoras de grosso calibre e picapes. Áreas indígenas protegidas por Lei são ocupadas clandestinamente, loteadas por sistemas de georreferenciamento e colocadas à venda.
Conforme os indígenas, a invasão está mudando de características. De madeireiros e mineradores que invadiam as terras, há agora um sistema montado por empresas que pretendem faturar com a exploração imobiliária, loteando e vendendo ilegalmente imensas porções de terra, e organizando milícias de combate. A denúncia já foi levada inclusive à ONU e o próprio Ministério Público Federal reconhece este problema. Mas como é sabido, são instituições dominadas pelo interesse do grande capital e nada farão.
As comunidades indígenas registram os maiores índices de suicídio não apenas entre a população brasileira mas em relação ao mundo inteiro. Vivem em regime de constante ameaça. Além da violência direta, os grileiros também costumam destruir suas lavouras, inviabilizando meses e anos de trabalho no campo. E quando tentam vender seus produtos nas cidades, sofrem com o preconceito, inclusive alimentado deliberadamente por jornalistas reacionários.
Segundo os entrevistados, a vitória de Bolsonaro resultou num crescimento dos ataques aos indígenas, o que na verdade já vinha sendo anunciado pelo fascista quando ainda era candidato. É por isso que a mobilização deve partir das ruas e tomar forças para derrubar Bolsonaro e todos os golpistas, imediatamente.