O presidente de Honduras deposto, Manuel Zelaya, concedeu uma entrevista ao programa Conexão América Latina, da Causa Operária TV, tratando da situação política de seu país após o golpe que o derrubou, marcado por “morte, há esquadrões da morte, grupos paramilitares, com um ‘Plano Colômbia’ para Honduras”. Derrubado no golpe militar de 2009, a deposição de Zelaya marcou a retomada de ofensiva do imperialismo contra os trabalhadores latino-americanos, cuja consequência para o país foi o estabelecimento de uma ditadura “organizada pelos Estados Unidos, apoiada pela Europa e sustentada pelos militares”.
Para enfrentar esse sistema de opressão, reconhecido pelo presidente como dependente de métodos violentos para se impor, com ameaças de guerras contra Cuba e Venezuela, as eleições são um campo de luta muito limitados. Citando a situação da Argentina, em convulsão após a eleição de 2019 e a fraude que marcou as eleições no Brasil, em 2018, Zelaya lembra a sequência de manipulações que tiraram o ex-presidente Lula da corrida presidencial e garantiram a vitória do candidato apoiado pela burguesia e o imperialismo, o fascista Jair Bolsonaro.
O imperialismo, como bem lembra o presidente Zelaya, não se prende a formalismos genéricos, todos por sinal, estabelecidos pelos próprios burgueses. Tendo recorrido a golpes de estado em todo a América Latina e a prisão de lideranças populares como Lula, a limitação das eleições como método de enfrentamento fica evidente pela própria realidade, o que reforça a posição de uso das eleições não como um fim em si mas como um meio para a luta dos trabalhadores, cujas condições de vida pioram a cada dia.
Por outro lado, a mobilização popular tem se destacado historicamente como a mais eficiente forma de luta dos trabalhadores oprimidos contra o imperialismo. Esta peculiaridade da luta política é também lembrada pelo presidente deposto, ao mencionar a necessidade de se organizar a população, preparando os trabalhadores para enfrentar as ameaças de um sistema capitalista em acentuada decadência, que não quer outra coisa além de miséria e espoliação para as nações atrasadas do mundo, mesmo que isto custe dezenas de milhares de mortos e doentes em uma pandemia. Que os exemplos recentes da Venezuela inspirem os trabalhadores e suas organizações de luta na América Latina. O povo mobilizado é a única força temida pela burguesia das nações desenvolvidas.