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Nada de mais: grande ídolo de Bolsonaro também era traficante

A direita golpista conseguiu colocar uma figura grotesca na presidência da República. Depois de derrubar uma presidenta eleita e prender um candidato favorito nas eleições presidenciais, acabaram levando Jair Bolsonaro ao governo, porque nem assim o tucano Geraldo Alckmin conseguiu ficar com os votos.

Agora esse governo esdrúxulo está produzindo episódios vergonhosos verdadeiramente capazes de expressar seu caráter bizarro e direitista. Na última quarta-feira (26), um militar da comitiva de Bolsonaro, às vésperas do encontro do G20 no Japão, foi apanhado em uma escala no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39Kg de cocaína. O cocaleiro de Sevilha, sargento Manoel Silva Rodrigues, viajou no mesmo avião que Bolsonaro pelo menos uma vez, em 27 de fevereiro. O incidente na cidade espanhola fez o presidente golpista mudar sua escala no caminho para o Japão, parando não em Sevilha, mas em Lisboa.

O escândalo em que Bolsonaro se vê metido agora, envolvendo o tráfico internacional de drogas em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), não deixa de apresentar uma determinada coerência com a trajetória do “mito”. Essa figura aberrante colocada no governo tem seus ídolos. Assassinos em massa, torturadores e ditadores são objeto de admiração de nosso presidente golpista. É o caso, por exemplo, de Brilhante Ustra, coronel que torturava os dissidentes políticos durante a ditadura militar brasileira, ou de Augusto Pinochet, que comandava a ditadura militar no Chile, responsável por pelo 30 mil mortes.

E é este último que dá coerência à história de Bolsonaro acrescida desse último acontecimento espetacular: 39Kg de cocaína flagrados em um avião de sua comitiva. Assim como o traficante de Sevilha, Pinochet também era um militar envolvido em esquemas para exportar drogas para a Europa. Em 2000, o jornalista Hugh O’Shaughnessy revelou em uma reportagem para o Guardian que Pinochet usou o próprio Estado para organizar o tráfico para a Europa e os EUA. Pinochet organizou até a própria produção, e utilizou aviões militares e os serviços de informações para colocar o produto em embaixadas no país no exterior.

Seja qual for a participação de Bolsonaro no caso do traficante de Sevilha, que talvez jamais se esclareça, pelo menos um de seus inspiradores deixou como legado, além da tortura e do assassinato em massa, da mentira sistemática e da censura generalizada, uma lição de como organizar o tráfico de drogas em escala industrial usando o aparato militar. Ironicamente, no Brasil, coxinhas faziam a propaganda de que os militares, se dessem um golpe, colocariam ordem no país e acabariam com a corrupção.

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