O governo da extrema-direita tende para a afirmação e exacerbação abertas dos preconceitos oriundos do sistema de dominação estabelecido. Diferentemente da política tradicional da burguesia, que procura encobrir a dominação e a opressão contra amplas camadas da população com demagogia de tipo democrático – estabelecem um sistema monstruoso de opressão contra o povo negro, por exemplo, enquanto seus representantes intelectuais falam de ética e pregam os malefícios do racismo, etc. No que concerne a setores oprimidos a extrema-direita no poder justifica a dominação, não com essa demagogia, mas exacerbado os preconceitos mais vis, criando assim “bodes expiatórios”, que não por acaso são as primeiras vítimas da sua política.
É o caso do negro no Brasil dominado pela extrema-direita e pela burguesia golpista. Não se trata mais de contrapor a opressão monstruosa com a demagogia, mas de justifica-la e amplia-lá. Assim a ideologia racista aberta torna-se novamente um elemento primordial para a política de governo. A extrema-direita precisa afirmar a “inferioridade” do negro para justificar o sistema brutal de opressão, repressão e dominação que pretendem desenvolver contra o negro. Tomam o cuidado, evidentemente de explicitar para a pequena burguesia negra o mecanismo que os permitiram ou permitirão escapar desta situação de opressão racial, como meio de acalmá-la.
Eis um caso recente: o Ministério da Educação da camarilha fascista que usurpou poder, lançou, no último dia 13, uma propaganda relacionada ao ProUni (sistema que concede bolsas de estudo em instituições privadas) em que o caráter quase estamental da sociedade brasileira é afirmado e defendido.
Na propaganda uma jovem negra sorridente aparece apontando com uma das mãos para a outra que segura o diploma, contudo, o que muito revelador, a mão apontada e que segura o diploma universitário é de uma pessoa branca. A propaganda é muito clara, o sistema quase estamental legado do passado e que subordina o negro, uma condição de extrato social oprimido, semi-cidadão, base do sistema produtivo é reafirmado e seu mecanismo de mobilidade social, para esta população, é regulado por meio da educação universitária e, evidentemente, do acúmulo de capital que é para eles o sentido do diploma.
O negro ao diplomar-se elevaria sua condição a cidadania plena e tornar-se-ia branco ou quase branco, o que aliás, além de monstruoso e absurdo é mentira já que o sistema de opressão se sobrepõem à formação universitária e ao pertencimento, inclusive, a classe dominante.
A propaganda não é só uma manifestação do racismo, do ponto de vista ideológico, como a defesa e justificativa do sistema brutal de opressão ao negro que vigora desde sempre no país.