Em todo o País crescem os preparativos para mobilização nacional do dia 14 de junho, “greve geral”.
Em praticamente todos os Estados estão se realizando Plenárias de sindicalistas e, principalmente, assembléias de trabalhadores das mais diversas categorias para deliberar a participação na greve e organizar a mobilização.
Sindicatos fundamentais na luta dos trabalhadores do País, como os do Metalúrgicos do ABC, a APEOESP (professores estaduais de SP), dos Petroleiros (ligados à CUT), dos trabalhadores dos transportes, dos Bancários – entre outros – realizaram ou estão realizando assembléias com grande participação e apoio dos trabalhadores à paralisação contra o governo.
Os encontros sindicais refletem claramente uma enorme pressão positiva que vem das bases, dos trabalhadores em seus locais de trabalho a favor da mobilização, o que se intensificou depois dos enormes atos dos dias 15 e 30 passados, em que centenas de milhares de pessoas foram às ruas de todo o País contra o governo de Jair Bolsonaro.
Nos últimos dias estes encontros se multiplicaram e vem agrupando centenas de dirigentes e ativistas, como aconteceu em São Paulo, na última terça feira (dia 4), com a presença de cerca de 300 pessoas e como os diversas reuniões realizadas com sindicalistas do setor de transportes, como a que foi realizado ontem no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, em Brasília, com representantes do ramo de transportes de todo o País reunidos para definir a adesão à greve geral do dia 14 de junho.
A Central Única dos Trabalhadores está divulgando diariamente um calendário destacando algumas das próximas reuniões gerais para organizar a paralisação, como é o caso da II Plenária Estadual Unificada de Pernambuco, que acontece hoje em Recife, às 16h, na sede do SINDSEP (R João Fernandes Vieira, 67 – Boa Vista).
Os encontros, de um modo geral, refletem além do clima favorável à mobilização, a resistência de setores dirigentes do movimento sindical e da esquerda pequeno burguesa e burguesa à política de enfrentamento com o regime golpista que vem das mobilizações que adotaram, em alto e bom som, como palavras-de-ordem centrais o “fora Bolsonaro” e o “lula livre” que expressam claramente a necessidade unificar a mobilização em torno de uma política que se dirija à derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro, Mourão e Cia.
Essa política se expressa, entre outros, na defesa, principalmente pelo PCdoB – também representado por sindicalistas da CTB e dirigentes estudantis – da chamada “frente ampla”, uma aliança da esquerda com setores da burguesia golpistas para supostamente encontrar uma saída para a grave crise do País e defender sua “soberania”. Concretamente, significaria conter as tendências de luta pela derrubada do governo, em prol de uma suposta unidade (que já vem se dando da parte dessa ala da esquerda) com setores golpistas, hostis à defesa dos interesses do povo brasileiro, e até da direita (como Rodrigo Maia, do DEM, FHC e outros dirigentes do PSDB) e outros setores que apoiaram o golpe, e todo tipo de ataque contra os trabalhadores (“reforma” trabalhista, PEC 95 etc.), bem como a abutres que posam de “esquerdistas”(como Ciro Gomes, PDT e setores do PSB), que também votaram pela derrubada de Dilma, apoiaram ataques de Temer e até comemoraram a condenação fraudulenta e prisão ilegal de Lula, para encontrar uma saída comum.
A situação mostra a importância de generalizar as conclusões de uma ampla camada do ativismo da luta dos explorados, a partir da luta política e da experiência desenvolvidas no último período, que levam à conclusão de que não bastam as lutas isoladas e por questões imediatas, contra os ataques do governo golpista, que é preciso enfrentar essa situação com uma política própria, não ficando à reboque das alternativas da burguesia diante da crise. que é preciso deixar para trás a política de conciliação e entendimento com os golpistas, por meio de uma ampla mobilização pela derruba de Bolsonaro e de todos os golpistas, pela convocação de eleições gerais, com Lula em liberdade e Lula candidato.
Contra o espantalho apresentado por um setor da esquerda, que aponta – sem qualquer consideração sobre a evolução da luta das massas – que não se deve propor a queda de Bolsonaro porque isso apenas serviria para levar a um governo ainda mais direitista, comando pelo general Mourão, levantar o lema apresentado pelo companheiro petista, Raimundo Bonfim, dirigente nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), na Plenária de São Paulo: “mobilização derruba o capitão, greve geral derruba o general”