As gigantescas manifestações do último dia 15 de maio, que levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas de todo o país, colocaram abaixo todas as avaliações pessimistas sobre a capacidade do povo brasileiro em responder aos ataques do governo Bolsonaro e dos golpistas. As justificativas que são colocadas variam desde a suposta falta de interesse do povo, até o argumento mais absurdo, de que a maior parte da população apoia o governo Bolsonaro.
Fato é que as mobilizações, seguindo a tendência vista no carnaval, demonstraram o total e completo repúdio popular ao governo golpista e ilegítimo de Bolsonaro. O problema dos cortes na educação foram apenas um pretexto para que milhões de pessoas fossem às ruas pedir a queda do governo.
Vale destacar que as mobilizações do dia 15 expressaram toda uma tendência de luta que vinha se intensificando com a crise do período anterior. O governo Bolsonaro é consequência direta do golpe de 2016 e da fraude eleitoral. Apesar da direita golpista e de setores de esquerda se esforçarem por apresentar Bolsonaro como legítimo e tendo apoio popular, as mobilizações demonstraram na prática que o governo de extrema-direita não tem apoio algum.
As manifestações expressaram nas ruas o descontentamento com o governo não apenas da juventude e dos trabalhadores da educação, mas de toda a população em geral, da classe trabalhadora, seus movimentos e organizações de luta. Milhões de pessoas saíram às ruas para protestar porque a viram a oportunidade de se manifestar contra o governo, que se encontra em uma profunda crise política.
As mobilizações tendem a aprofundar ainda mais a crise política dentro do governo golpista, ou seja, a luta interna entre os diferentes setores que compõem o governo. O próprio golpista Bolsonaro escreveu uma carta onde manifesta a total e completa liquidação do governo na prática, que não está conseguindo governar e entrar em acordo com os diversos setores da burguesia.
Diante deste cenário, é necessário que a classe trabalhadora e suas organizações de luta intervenham na crise e coloquem na pauta a derrubada do governo Bolsonaro. Apesar da recusa de boa parte da esquerda nacional de adotar a palavra de ordem de Fora Bolsonaro, esta é a palavra de ordem que está nas ruas, na boca da população.
É preciso impulsionar o repúdio popular ao governo, demonstrado nas ruas, exigir a queda de Bolsonaro e de todos os golpistas. Como uma saída democrática para a crise, é preciso levantar uma segunda palavra de ordem que é a de eleições gerais. As eleições de 2018 foram uma fraude, Bolsonaro somente foi eleito por conta da não participação, de forma arbitrária, do ex-presidente Lula, que era o candidato da maioria da população. É preciso exigir, portanto, a liberdade do ex-presidente e a sua participação nas eleições. Ou seja, a reversão completa do processo golpista inciado com a derrubada pela direita de Dilam Rousseff.