No Espírito Santo, por pressão da direita bolsonarista, empresários das escolas particulares de ensino básico conseguiram, ignorando os riscos oferecidos pela pandemia, corromper o protocolo de segurança de saúde e fazer com que as aulas presenciais das redes pública e privada voltem agora no mês de outubro.
A volta teve grande apoio do governo do estado, Renato Casagrande (PSB), que a autorizou sem resistências. Para fingir que a volta precipitada, sem vacinação, é normal e segura, foi feito um documento intitulado Plano de Retomada das Aulas Presenciais e, ao que parece, os empresários pensaram em tudo. Estão, inclusive, preparados para possíveis mortes por coronavírus. Segue abaixo um trecho da página 65 do plano:
“Havendo óbitos de alunos ou de profissionais da escola, e se for algo desejado pela comunidade escolar, o grupo pode organizar ritos de despedida, homenagens, memoriais, formas de expressão dos sentimentos acerca da situação e em relação à pessoa que faleceu, e ainda atentar para a construção de uma rede socioafetiva para os enlutados.”
Há uma tentativa, frustrada e mal caráter, dos bolsonaristas de maquiar os perigos que estão contidos na volta às aulas presenciais. Os próprios responsáveis sabem que não são capazes de fornecer a segurança devida aos alunos, e tentam passar a ideia de que é normal jogar as crianças aos riscos, ainda muito presente. Isto é, a volta pode ser comparada a uma tática genocida.
Para tentar fingir humanidade e nos convencer de seus negócios, os capitalistas disparam as mais absurdas declarações, como a de outro trecho do protocolo, que continua a parte acima:
“Simbolizar a dor de alguma forma contribui para o processo de luto, lembrando sempre que cada um vive esse momento de uma maneira, como uma experiência pessoal e única e que, por isso, precisa ser respeitado”
É preciso ser humano, mas apenas quando se perde a criança e não tem mais volta, é isso que pensam os empresários. Nós, adultos, não conseguimos cumprir devidamente o protocolo de segurança por mera desatenção ou falta de adaptação, esse fenômeno é potencializado pela inocência e espontaneidade das crianças.
Diante de todo esse crime, não é difícil imaginar que a vida dos trabalhadores da comunidade escolar não será nada fácil. Haverá sobrecarga de trabalho, aumento de responsabilidades e de carga horária, de pressão sobre os trabalhadores de todos os setores.
Parte considerável dos pais já declararam que não mandarão seus filhos para a escola antes que a vacinação entre em vigor. Esses pais estão sofrendo, inclusive, pressão dos capitalistas por não saberem bem como ficará a situação de sua cria. A pressão aumenta ainda mais sobre os pais que precisam da escola pública para educar seus filhos, ou seja, os da classe trabalhadora pobre, que não contam, no geral, com uma boa assistência de saúde.
O profissional docente terá que atuar, então, em duas frentes, presencial e online? As escolas fornecerão recursos para isso? Eles receberão por isso? Os pais que não quiserem mandar seus filhos para essa armadilha genocida estarão errados ou terão seus filhos excluídos do processo?
Os capitalistas, isto é, os patrões fazem parte do governo Bolsonaro e veem a educação apenas como negócio lucrativo e não como importância para o desenvolvimento do país. Estão dispostos a colocar as vidas em risco para lucrar.