A classe média está condicionada a acreditar em tudo o que a imprensa burguesa diz. Qualquer propaganda da burguesia, seja de direita seja pseudo esquerdista, atinge a classe média que logo começa a propagar aos quatro ventos a besteira que ouviram na TV ou leram nos jornais e revistas.
Com a esquerda pequeno-burguesa não é diferente.
Um caso bastante significativo que prova essa tese é a atitude de alguns esquerdistas – nos permita colocar em dúvida essa classificação – diante da greve dos Correios. Bastou aparecer alguma postagem sobre a mobilização dos trabalhadores e logo chovem comentários contra a greve, mas está enganado quem pensa que são apenas comentários de bolsonaristas. Junto com os famosos robôs da extrema-direita surgem uma série de comentários que parecem ser de pessoas de esquerda atacando a greve.
“Faz arminha agora”. Essa frase sem conteúdo é a mais utilizada por aqueles que por algum motivo se sentem superiores aos operários dos Correios. Embora vazia de conteúdo, coisa comum entre a pequena-burguesa, interpretar essa expressão é fácil.
O que esses esquerdistas – sempre é bom colocar em dúvida se realmente são de esquerda – querem dizer é que o trabalhador dos Correios não tem que fazer greve porque apoiou Bolsonaro e o golpe contra Dilma: “Fez arminha, agora aguenta”, essa também é uma forma comum de comentários nas redes sociais.
Mas quem falou para esses sábios de internet que o trabalhador dos Correios apoiou Bolsonaro e o golpe? A imprensa golpista. Foi ela que, durante o processo do golpe procurou apresentar a ideia falsa de que haveria alguma popularidade entre os golpista. E a classe média caiu feito um pato na história contada pela imprensa.
Mas e se tudo isso fosse verdade? E se realmente os trabalhadores dos Correios tivessem apoiado o golpe? Isso não mudaria em nada o caráter de sua greve, contra a privatização, por seus direitos, contra o governo Bolsonaro.
Aliás, os Correios é a primeira categoria que se coloca frontalmente contra Bolsonaro num movimento que já se aproxima de um mês de duração.
Ou seja, os que atacam os trabalhadores dos Correios por supostamente terem apoiado o golpe e Bolsonaro estão – que ironia! – fazendo uma frente única com o próprio Bolsonaro. Bolsonaristas e “anti-bolsonaristas” contra a greve a favor da privatização.
Antes de encerrar é preciso apenas um último esclarecimento. As organizações de esquerda não estão contra a categoria, o que normalmente se vê são manifestações de pessoas isoladas. Mas é preciso ter claro que essas pessoas são também influenciadas pela política das organizações de esquerda que não agiram devidamente para esclarecer o que está havendo.