Com o aprofundamento da crise capitalista, aumenta a necessidade dos patrões procurarem uma saída através de um maior ataque às já precárias condições de vida dos trabalhadores.
Valendo-se de um recuo das direções sindicais no encaminhamento das lutas dos trabalhadores bancários, a direção golpista/privatista do Banco do Brasil procura abrir caminho para derrubar uma conquista histórica da categoria, que foi fruto de muita luta de gerações passadas.
A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil foi criada pelos os funcionários do banco em 1944, com o objetivo de dar assistência médica para todos os trabalhadores e seus dependentes.
Muitos anos depois, em 1970, o Banco do Brasil ao invés de contratar um plano de saúde no mercado de âmbito nacional optou em patrocinar a CASSI, que já era de seus empregados, ou seja, a Cassi é um patrimônio construído pelos trabalhadores.
Com o advento da era neoliberal no País, no começo da década de 1990, do governo Collor até o governo do famigerado Fernando Henrique Cardoso (PSDB), havia uma determinação clara, de preparar o BB para uma possível privatização. Para que isso fosse levado à frente uma das medidas adotadas foi de reduzir as despesas com a saúde do trabalhador.
Em 1996, em plena era privatista de FHC (PSDB), contando, com a colaboração das entidades representativa dos trabalhadores, houve uma campanha de ameaças sistemáticas por parte do Banco de que a Caixa de Assistência estava na iminência de uma falência, que era necessário a mudança do estatuto da entidade para sanear os problemas financeiros. Depois de muitas falsas propagandas e ameaças de fim do plano de saúde acabaram aprovando a proposta que aumentava de 1% para 3% a contribuição do funcionalismo (200% de aumento) e de 2% para 3% da patrocinadora, ou seja, o Banco (50% de aumento); os funcionários que possuíam parentes como dependentes indiretos (pais, avós, tios, filhos maiores de 24 anos, etc.) passaram a ter que contratar um plano específico equivalente a qualquer outro existente no mercado.
A última mudança do estatuto da Cassi, se deu em 2007, também apoiada pelas direção das entidades representativas dos trabalhadores, junto com a direção do banco. A mesma gerou uma enorme manipulação em que o corpo social rejeitou a mudança em três consultas, só sendo aprovada apenas na quarta votação e, só após intensa campanha, o novo estatuto foi “aprovado”. A mudança estabeleceu, dentre outras questões, a cobrança, a título de “co-participação”, de 10% a 30% sobre eventos de diagnose e terapia não vinculados à internação hospitalar para o associado, e o investimento por parte do Banco em serviços próprios no valor de R$ 300 milhões na Cassi, que até hoje os trabalhadores não sabem onde foram parar, sendo que, o compromisso era que após a aprovação da reforma, esse recurso seria investido em serviços próprios. Ao contrário disso, o que aconteceu foi o fechamento e o abandono de ambulatórios, descaso em relação aos SESMTs etc.
Agora, no atual processo de uma nova consulta da mudança na Cassi, essas mesmas direções chamam os trabalhadores a aumentar a ofensiva do atual governo, eleito através da maior fraude eleitoral já vista no país, golpista, neoliberal privatista (recentemente o presidente do BB deu declaração se dizendo favorável à privatização do banco), para liquidar com o plano de saúde dos funcionários para entregar aos planos de saúde privados e fortalecer a política de privatização do banco.
O que as entidades chamam de avanço, na nova proposta do banco, na verdade é um ataque sem precedentes que visa liquidar com a Cassi. É tudo que os banqueiros querem. Quebram com o sistema de Solidariedade do plano (todos contribuem para o fundo em benefícios de todos, tanto da ativa quanto dos aposentados, que poderão ter um plano digno até a sua morte): a proposta de sustentabilidade financeira tem projeções apenas até 2021 onde se abre nova mesa de negociação para novas alternativas; está prevista a paridade contributiva entre associados e patrocinadora de 50%, hoje a empresa arca com 60% e associados com 40%; o fim da solidariedade não só obriga contribuição dos dependentes, mas estabelece que os novos funcionários assumam a contribuição patronal nas suas aposentadorias; e institui o voto de minerva, que será aplicado em vários casos.
Sob o argumento de “preservar o futuro e a sustentabilidade” há, no mínimo, informações distorcidas sobre a Cassi, com o intuito de impor mais um ônus aos trabalhadores.
Ao contrário das justificativas apresentadas: o “governo toma medidas drásticas contra os trabalhadores, tais como a privatização de várias empresas públicas, o aprofundamento da reforma trabalhista com corte de direitos, a proposta de destruição da Previdência Social, o corte de verbas para educação e saúde públicas” (Contraf 28/3/19), são medidas para colaborar com a direita golpista de liquidação do plano de saúde dos funcionários do BB.
É claro que está nos planos do governo privatizar o Banco do Brasil. Não é mera coincidência que os golpistas e os capitalistas “nacionais” e internacionais estão em uma intensa campanha para liquidar com a previdência pública que hoje tem um caráter solidário sendo substituído por um sistema de capitalização, obrigatório e individual.
Os bancários do Banco do Brasil devem dizer um sonoro não à tentativa de mudança no estatuto da Cassi, que é um patrimônio construído pelos trabalhadores e é a eles que cabem o seu gerenciamento e controle. É preciso denunciar e mobilizar contra este ataque e exigir que a Cassi seja colocada sobre o controle dos trabalahdores.
Cabe aos trabalhadores do BB barrar mais esse ataque do governo golpista e organizar a mobilização pelo controle, efetivo, do seu plano de saúde unicamente pelos trabalhadores.
A mudança do estatuto da Cassi abre sim o caminho da privatização do Banco do Brasil e a liquidação do plano saúde dos funcionários do BB.