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Nova Zelândia: burguesia se encaminha para proibir o armamento do povo; a esquerda pequeno-burguesa brasileira apoiaria

Em decorrência do atentado que matou 50 pessoa em duas mesquitas na Nova Zelândia, a direita local lançou uma forte campanha contra o armamento. A primeira ministra, Jacinda Ardern, quer banir as armas semi-automáticas, culpando-as pelo atentado e alegando que trata-se de uma medida de prevenção. Logo após a catástrofe, a demagogia correu solta pela mídia internacional, que viu no acontecimento uma oportunidade de fazer demagogia com o porte de arma. Em breve aquele que possuir uma arma na Nova Zelândia será encarcerado por 3 anos e pagará uma multa de  NZ$4000 (R$10.684,91).

A Culpa Está nas Armas

Nos Estados Unidos esse tipo de tragédia é mais recorrente. “As armas provocam esse tipo de tragédia”, é o que sempre alega a direita norte-americana e repete a esquerda pequeno-burguesa. Nesse caso os dois campos políticos comportam-se respectivamente como um pirata: malandro, cheio de lábia e escroque; e seu papagaio,que repete sem muita reflexão o que diz o pirata. Ao papagaio nós perdoamos pois suas capacidades cognitivas não o permitem refletir sobre o que está repetindo, já a esquerda pequeno-burguesa, é difícil deixar passar quando se colocam a reboque da direita ecoando suas campanhas.

Proibir as armas não impede esse tipo de acontecimento. Se pensarmos no massacre de Suzano, que aconteceu um pouco antes do de Nova Zelândia, com a lógica que a direita impõe não vamos chegar a raiz da causa. Aqui no Brasil as pessoas não tem direito a portar armas, qualquer civil que queira adquirir uma arma terá que comprovar a necessidade e passar por uma bateria de exames, e mesmo assim terá somente o posse e não o porte. Logicamente, a dificuldade aumenta para quem é menor de idade, mesmo assim o massacre ocorreu.

Ao ouvir o exemplo de Suzano, algumas pessoas dirão que por ser proibido o porte no Brasil a ocorrência desse tipo de evento é muito menor do que nos Estados Unidos, onde o posse de armas é fácil de se conseguir em muitos estados, precisando de pouca ou quase nenhuma burocracia, e a frequência desses acontecimentos é muito alta. Mas se assim fosse, porque não houve mais casos em Nova Zelândia anteriormente ? Porque não vemos notícias sobre massacres em escolas ou ambientes religiosos como a mesma frequência que nos Estados Unidos na Suíça, lá onde não há restrições sobre a venda de armas ? A verdade é que esse tipo de interpretação superficial dos acontecimentos leva sempre a uma análise errada e a conclusões erradas.

Acontecimentos como o de Suzano ou o da Nova Zelândia são decorrentes da crise em que se encontre o sistema capitalista mundial. A crise econômica generalizada e suas mazelas provocam todo tipo de catástrofe social. Nos Estados Unidos, onde as contradições do sistema são gritantes, existem milhões de desempregados, esse número tem diminuído desde 2010, porém não de maneira honesta, já que a maior parte da população ianque está subempregada, muitos não tem onde morar nem o que comer, mas mesmo assim constam como empregados. A opressão do Estado sobre a população é enorme, o país tem uma classe operária gigantesca e sempre combateu de forma assídua sua emancipação, seja com calúnias, seja com violência. Assim como vemos muitas notícias sobre atentados nas escolas nos EUA, vemos ainda mais notícias sobre violência policial na periferia. É pura coincidência os eventos no Brasil e na Nova Zelândia acontecerem durante o aprofundamento da crise mundial ?. No caso do Brasil fica ainda mais evidente quando se considera a rapidez com a qual o país é dilacerado, e sua atual conjuntura política.

A ironia é que esse argumento, totalmente pérfido, é defendido pelo real culpado: a burguesia. Podemos proibir todas as armas do mundo e mesmo assim as tragédias vão continuar acontecendo. A

Porque Culpar as Armas

Culpar as armas não é somente uma maneira de ocultar o real problema por trás desses atentados, mas também uma maneira de aumentar o controle sobre a população. Esse controle se faz mais necessário quando ocorrem atentados, pois eles são indícios do nível de crise social em que se encontra a população. Essa crise gera rapidamente uma polarização política; a luta de classes se acirra e a direita começa a aumentar a repressão e o monitoramento da população. Nenhum dos oponentes quer ver seu inimigo armado, ainda menos quando seu inimigo está em maior número. A burguesia teme uma revolta, ainda mais uma revolta armada.

A mídia se aproveita dessas tragédias para aumentar a campanha contra o desarmamento. Ao contrário do que pensa a esquerda pequeno-burguesa, a direita não defende o armamento, quem o defende é a extrema-direita e mesmo assim, de maneira restrita e super vigiada, de modo que só os jagunços possam se armar e o povo continue a mercê. Nos Estados Unidos, é muito difícil desarmar a população pois é um direito constitucional, mesmo assim a burguesia conseguiu essa proeza nos lugares mais estratégicos, como Nova Iorque, por exemplo.

No Brasil, o posse foi facilitada pelo governo Bolsonaro, mais só para um setor da população:

  • profissionais da área de segurança
  • residentes de áreas rurais
  • residentes de áreas urbanas com elevados índices de violência
  • donos de comércio
  • colecionadores

Os litados terão que provar a necessidade de ter o posse, ou seja, estão submetidos a um critérios totalmente subjetivo. Não devemos esperar que elementos da esquerda, trabalhadores, sindicalistas, indígenas e que a população preta das favelas consiga facilmente uma arma. O armamento desse último setor seria uma catástrofe para o aparato repressivo do Estado. A polícia entra nas comunidades e pisoteia a população trabalhadora sem que ela possa se defender minimamente, esse cenário seria muito diferente caso a comunidade estivesse inteiramente armada sem precisar integrar o tráfico. Operário levando “esculacho” da polícia e tanque esmagando carros e motos na favela seriam revidados com tiros vindo da população.

O porte de armas é um direito democrático do ser humano. O direito de se defender contra o Estado que quer deter o monopólio da violência. A população deve ter o direito de se organizar e derrubar o Estado e de se defender contra seu aparato repressivo. Em Cuba a população não só tem o porte de armas como também recebe treinamento militar. Esse direito nos EUA provém de uma época em que a burguesia era a classe revolucionária; hoje ela tenta revogar esse direito. Não podemos aboli-lo com argumentos esdrúxulos como o que comumente levanta a esquerda pequeno-burguesa: “no Brasil se os cidadãos se armarem, se matam na primeira briga de transito”, a policial fascista já mata arbitrariamente seja com farda ou sem, em uma briga de transito ou brigando com sua mulher, e mesmo se estivesse sem uma arma mata com uma faca, uma pedra, uma garrafa, o que tiver sob a mão. Esses exemplos não são suficientes para tirar um direito democrático de uma população inteira.

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