Por Rafael Rodrigues
O comportamento da imprensa golpista diante do governo Bolsonaro está gerando uma tremenda confusão entre muitas pessoas que pretendem entender os movimentos da política. Peguemos a Globo ou a Folha de São Paulo como exemplos. Os dois veículos atacaram Lula ferozmente, ignorando a ausência de provas e servindo de instrumento de Sérgio Moro durante a Lava-Jato.
Um desses serviços prestados pela imprensa foi o de divulgar delações sem provas ou elementos juridicamente frágeis – vazados pelo juiz – como se fossem descobertas de seus repórteres para que depois o próprio Moro mencionasse as reportagens em suas sentenças como elemento probatório. Criaram uma espécie de “lavagem de provas (seria o equivalente judicial da lavagem de dinheiro). Em outras palavras: Moro pegava dados que jamais seriam definitivos para uma sentença, secretamente enviava à imprensa e depois usava as reportagens como prova de alguma coisa. A opinião pública estava sendo formada e disciplinada. Sem constrangimentos, os jornalistas aceitaram. As empresas de jornalismo promoveram uma perseguição fascista sem qualquer resistência e jogaram milhões de votos no colo de Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, a mesma imprensa divulga, timidamente, denúncias contra os filhos de Bolsonaro. Em meio ao desgoverno do PSL e seus aliados, procura dar a impressão de que a imprensa faz um jornalismo isento sob o decrépito argumento de que criticar um aspecto e elogiar outro seriam provas de independência das empresas jornalísticas. Total equívoco que só permanece em pé enquanto você, leitor, não ajusta a sua visão para o que de fato interessa.
A postura do bate e assopra contra Bolsonaro não prova qualquer pingo de isenção ou responsabilidade jornalística. Prova, apenas, que estamos olhando para o alvo errado. A imprensa golpista não é defensora de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, não é contra ele. As empresas jornalísticas são defensoras do capitalismo financeiro. Jornais, rádios e televisões vão defender os bancos e isso não é teoria da conspiração ou discurso de porta de fábrica. Estes são os fatos. Os respeitáveis jornalistas da mídia hegemônica farão qualquer esforço para defender as teses defendidas pelos bancos.
Ah…. mas e o Bolsonaro? O Bolsonaro não é ninguém. Foi o idiota útil disponível para que os banqueiros ampliassem o comando sobre as riquezas do país. Se o atual presidente ilegítimo obedecer e realizar o governo dos sonhos dos neoliberais (para matar FHC, Aécio, Serra e Alckmin de inveja), será honrado e glorificado no cargo. Uma vez que torne-se dispensável será descartado como Collor o foi.
É por isso, que a imprensa bate no clã de Bolsonaro e seus roubinhos, mas não ataca a política geral do governo Bolsonaro que é do roubo em larga escala. Por isso, você percebe que a TV defende a Reforma Trabalhista, a Reforma da Previdência, privatizações pautas centrais do governo como se fossem todos amigos e, no minuto seguinte, assiste às denúncias contra os filhotes de pitt bull da família Bolsonaro.
Os bancos que operam margens de lucro obscenas no Brasil não são apenas brasileiros. Eles têm ramificações e sociedades com bancos estrangeiros, e isso explica por que tamanho desejo em entregar todas as riquezas e a razão para tanto amor pelos militares. Enquanto Bolsonaro apanha na TV, os generais são venerados pelo quanto são alinhados com os interesses internacionais.
A imprensa capitalista é a voz dos bancos. Os militares, seus seguranças. Por isso, fala-se muito mais em criminalidade do que em pobreza. Destaca-se muito mais o patrimônio do que a vida e a necessidade de oportunidades iguais, mas tudo isso é tema para outras colunas e eu espero ver vocês por aqui novamente.