Em 18 de fevereiro de 1808, por uma decisão régia expedida pelo Ministro do Reino D. Fernando José de Portugal ao Capitão-general da Bahia Conde da Ponte (João Saldanha da Gama) foi criada a Escola de Cirurgia da Bahia, precursora do ensino de medicina no Brasil. A decisão resultou de um pedido de José Corrêa Picanço, pernambucano, cirurgião da Real Câmara, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Embora não seja muito ressaltado no ensino oficial de história do Brasil, D. João VI era uma figura que podemos chamar de progressista e entendia a importância do Brasil no mundo como nação. Fala-se até que ele tinha a intenção de criar um país transatlântico unindo Portugal e o Brasil, o que foi frustrado pelos interesses do imperialismo britânico.
Desde o século XVI, de forma incipiente, o ensino de medicina era feito no Colégio dos Jesuítas. Muitas pessoas tentaram implantar uma universidade na Bahia mas esbarravam na negativa das autoridades portuguesas, às quais não interessava o desenvolvimento da colônia. Em contraste com as demais colônias espanholas e inglesas nas Américas, que possuíam universidades desde o século XVI, o Brasil somente três séculos mais tarde implantaria escolas de ensino superior. Até o século XIX os cirurgiões brasileiros aprendiam o ofício na prática aqui ou em Portugal e os outros médicos, chamados “físicos”, se formavam em universidades europeias.
Lembrar esta data é muito oportuno neste momento em que estamos no meio de um ataque cerrado à educação no Brasil e até fala-se de uma “lava-jato” da educação, o que sinaliza o desfecho de um ataque final como foi feito contra a Petrobras e as empresas construtoras brasileiras. A destruição do ensino público superior é um recuo para o século XIX no setor da educação. É preciso que os trabalhadores se unam na defesa contra o ataque impiedoso que está sendo movido contra qualquer possibilidade de progresso da classe trabalhadora brasileira.