Demonstrando mais uma vez que as práticas da criminosa operação lava jato se espelham nas do Departamento de Justiça norte-americano, o ex-diretor do FBI, Andrew McCabe, afirmou ao programa “60 minutes”, da emissora CBS, que ocorreram discussões naquele órgão sobre como remover o presidente em 2018.
Andrew McCabe, demitido do FBI, em março de 2018, disse à CBS que funcionários do Departamento de Justiça discutiram sobre como utilizar a 25ª Emenda para a remoção do presidente Trump. Essa Emenda estabelece que, se o vice-presidente e a maioria dos secretários do gabinete decidirem pela incapacidade do presidente, poderão iniciar um processo para afastá-lo do cargo.
McCabe afirmou ter aberto uma investigação sobre “Obstrução da Lei” no “Caso “Rússia” como forma de se assegurar de sua sobrevivência em caso de remoção, após a saída de Comey (ex-diretor do FBI demitido por Trump). Uma forma de também manter as investigações em aberto e os vazamentos em fluxo constante.
O ex-oficial do FBI também afirmou que o vice-procurador geral Rod Rosenstein se ofereceu para usar uma escuta nas reuniões com Trump. Rosenstein afirmou, à época, que o comentário foi apenas uma brincadeira. Agora, teve de negar mais uma vez o fato.
Trump na época da demissão, atacou constantemente Jill McCabe (esposa do vazador) democrata que perdeu a eleição para o Senado pelo estado da Virginia, em 2015, ocasião em que recebeu apoio de um comitê político aliado a Hillary Clinton. Trump já apontou essa ligação ao clã Clinton como forma de denunciar a motivação política da investigação. Fato reiterado por passagem do livro “The Threat: How the FBI Protects America in the Age of Terror and Trump” (“A Ameaça: Como o FBI Protege os EUA na Era do Terror e Trump”, em tradução livre) que é uma autobiografia escrita por Andrew McCabe, de onde foi extraído o trecho: “Sim, isso deve ter sido muito difícil. Perder. Ser uma perdedora”, lembra McCabe a respeito de Trump.
Ficam claras as motivações políticas e pessoais do Dalagnol americano, conforme denuncias do inspetor-geral Michael Horowitz que afirmou que McCabe “não tinha sinceridade” pois permitia que dois altos funcionários conversassem com jornalistas sobre a abertura de uma investigação sobre a Fundação Clinton e mentissem sobre isso aos investigadores. Ocasião em que o inspetor-geral recomendou sua demissão. McCabe foi demitido em março de 2018, pouco mais de 26 horas antes de se aposentar formalmente, tendo por esse motivo sua pensão negada.
O que temos até agora são apenas trechos da entrevista que será veiculada na CBS, mas reitera o que já havia sido noticiado pelo NY Times, em setembro de 2018: que funcionários do alto escalão do Departamento de Justiça querem retirar Trump do cargo e que estão dispostos a utilizar escutas no corpo e todo tipo de iniciativa legal ou ilegal para fazê-lo.
Os fatos evidenciam o aprofundamento da crise interna nos EUA, em meio ao agravamento crise histórica do capitalismo. Para reagir à essa situação e defender seus interesses o imperialismo busca se unificar, limitadamente, no ataque aos povos oprimidos, como acontece na operação golpista levada adiante contra a Venezuela, sob a liderança do governo norte-americano.