Ao longo dessa semana o município do Rio de Janeiro recebeu forte atenção por parte da imprensa a partir de uma reportagem do telejornal “RJ2”, da golpista TV Globo, exibida na última segunda (31 de agosto), onde buscavam denunciar o grupo denominado “guardiões do Crivella”. De acordo com a reportagem, se trataria de um esquema montado pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) para tentar impedir a imprensa de atuar nos arredores dos hospitais da cidade, a fim de evitar denúncias dos problemas que a população enfrenta nas tentativas de atendimento.
No dia seguinte, uma operação da Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão dos servidores envolvidos no suposto esquema do prefeito Crivella. A chamada Operação Freedom conduziu os suspeitos até a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), um órgão que também é responsável por atuar nas investigações das milícias no Rio de Janeiro.
Uma análise cuidadosa dos agentes envolvidos é o suficiente para entendermos toda a manobra operada aqui pela burguesia. Em primeiro lugar, é preciso recordar que Marcelo Crivella, o bispo direitista, nunca foi o candidato preferido pela Globo, que foi capaz até de prestar apoio a Marcelo Freixo (PSOL), durante as eleições de 2016, fazendo campanha contra Crivella sistematicamente. Além disso, Crivella já foi alvo de várias tentativas de afastamento e, nesta quinta-feira (3), será votado na Câmara dos Vereadores o pedido de abertura de um processo de impeachment.
Da mesma forma que o caso de Wilson Witzel, governador recentemente afastado do Estado do Rio de Janeiro, se trata dos conflitos internos da burguesia. Como uma verdadeira briga de gangues, os diferentes setores da burguesia se enfrentam pelo controle do Estado a fim de atender às suas necessidades mais essenciais. Em nenhum dos dois casos podemos enxergar algum avanço significativo para a luta dos trabalhadores.
No caso dos “guardiões do Crivella”, se trata ainda de uma manobra para usar a polícia para desmantelar o esquema. Essa mesma polícia, que impulsiona as milícias fascistas e são seu embrião. É o desmantelamento de uma milícia para colocar outra no lugar. Os movimentos de trabalhadores não devem confiar nos aparatos de repressão da burguesia. O único método para derrotar o fascismo é a mobilização popular. A derrota da extrema-direita só poderá vir das ruas, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas.