Nesta terça-feira (25), o governador da Bahia, Rui Costa (PT), teve publicada no jornal O Globo uma entrevista em que defende a aliança com amplos setores da direita golpista, a pretexto de combater Bolsonaro.
As declarações do governador, como veremos, mostram uma completa falta de parâmetro da realidade, uma vez que todas as características ruins que ele constata em Bolsonaro só foram possíveis porque o presidente fascista foi eleito pela fraude eleitoral, organizada pelos partidos da direita tradicional, como PSDB, DEM, MDB, justamente aqueles partidos com quem o governador defende alianças.
Como pode ser visto na entrevista, o modelo a qual o governador baiano tem como frente ampla é a frente ampla norte-americana, que desmontou a candidatura de Sanders (a ala esquerda) para apoiar Biden (a ala direita dos democratas). É precisamente isso que se defende no Brasil. Impulsionar a ala direita do PT, da qual ele faz parte, contra a ala lulista.
Quem seria a candidatura em 2022?
Quando pergunta sobre as eleições de 2022, Rui Costa diz que não se deve falar em nomes, mas sim em programa. No entanto, o curioso é que a discussão deste programa se daria numa chapa com DEM, PSDB e PSB. Como revela o próprio governador, ele não vê problema em dialogar com os governadores Joao Doria e Eduardo Leite (PSDB), pois o importante é a defesa da democracia, que se faria com “diálogo e entendimento de conteúdo, de projeto”.
É quase como se o governador petista morasse em outro país, que não o Brasil do golpe de 2016 e da fraude eleitoral de 2018. Como falar em diálogo, entendimento e de projeto de país com aqueles elementos que utilizaram todos os seus recursos para derrubar um governo eleito por mais de 54 milhões de brasileiros, justamente para impor um projeto de conteúdo reacionário, privatista e antidemocrático? Mais, se o principal valor da frente ampla é o respeito à democracia, o que os golpistas de 2016 fazem nessa frente? Qual seria essa democracia que eles irão defender? A democracia dos EUA financiarem o golpe de Estado no país?
As declarações do governador Rui Costa, da Bahia, mostram como pensa um elemento da ala direita do PT. Um elemento conservador da esquerda pequeno-burguesa, que busca antes um acordo com a direita que lhe favoreça, o que se torna mais difícil conforme a crise política se acentua e a tendência à polarização escala cada vez mais.
Na verdade, essa postura de alianças com os principais golpistas (PSDB, DEM…) só tem como ter um resultado: colocar a esquerda a reboque da direita, fazendo crer que essa aliança vai trazer algum benefício à luta dos trabalhadores, quando na verdade fortalece a direita tradicional, a extrema direita bolsonarista e enfraquece a própria esquerda. É, em suma, uma política suicida.