Circulou na imprensa a notícia de que o PCO fez parte do acordo que lançou a chapa Lula/Haddad/Manuela: A informação é falsa. O PCO apoia a candidatura do Lula como componente da luta contra o golpe, mas não participou do acordo, conforme explica o companheiro Rui Costa Pimenta no vídeo abaixo.
“Foi publicado que o PCO fez parte do acordo que lançou a chapa Lula, Haddad e Manuela, que o pessoal está chamando de Chapa Triplex, e que nós estaríamos juntos na coligação com PT, PCdoB e PROS. Isso é falso. O PCO não ingressou em nenhuma coligação, mão aprovou, desaprovou nem participou da elaboração desse acordo.
O acordo foi feito entre PT, PCdoB e PROS, sem a participação do PCO. Não é que o PCO tenha sido vetado, não vamos aqui contribuir com nenhuma outra desinformação. Os companheiro do PT nos convidaram e nós nos recusamos a fazer parte da coligação. Esse é um primeiro esclarecimento, porque muita gente tem falado que o PCO aprovou o Haddad e continua com a palavra de ordem Lula ou Nada. Não, o PCO não participou da reunião que aprovou Haddad e Manuela como vices de Lula.
Por que o PCO não quis participar dessa coligação, apesar de terem feito o convite? A questão é muito simples: o PCO não concorda, de maneira geral, com o programa da chapa Lula/Haddad/Manuela. Nós temos um conjunto de restrições a esse programa, mas a restrição fundamental é que nós comparecemos às eleições com a palavra de ordem central de Luta por um governo dos trabalhadores. Nós não queremos constituir um governo para administrar os negócios da burguesia. Não é a nossa política.
Nós podemos defender a candidatura Lula, mas a defendemos com nosso próprio programa. E nosso programa tem como eixo central a luta por um governo próprio dos trabalhadores. Isso não se coaduna com a participação de partidos como o PROS, de vários elementos que estão dentro do PT que são burgueses, do PCdoB que tem uma política burguesa; não se coaduna com nada disso. Não se coaduna com as alianças políticas que o PT fez, nós não temos nada a ver com isso.
Muita gente não compreende que ingressar numa coalizão e apoiar um candidato são coisas totalmente diferentes. Nós temos visto esse debate com alguns ignorantes da esquerda brasileira há décadas. Desde que o Lula anunciou sua primeira candidatura a presidente em 1989 esse debate existe. Não custa nada nós retornamos a esse debate para fazer um esclarecimento.
Se você entra numa coalizão, principalmente uma coalizão eleitoral, significa que há algum tipo de programa em comum. Contudo, você pode fazer uma frente única por um ponto específico, por exemplo: a liberdade de Lula. Esse é o programa que une as pessoas que estão fazendo campanha pela liberdade de Lula. Para você fazer parte desta frente basta que esteja de acordo com o limitado programa desta coalizão. É uma aliança por um objetivo muito determinado: tirar o Lula da cadeia.
Na questão eleitoral sempre está envolvido o problema do poder político, porque nós elegemos representantes populares para exercer o poder. O PCO, como partido de classe, como partido operário, como partido revolucionário, não apoia nenhum tipo de governo que não seja um governo operário, socialista que defenda o seu programa.
O PT tem outro programa, tem o claro propósito de passar à administração do governo capitalista em termos capitalistas. Quer dizer, nos moldes do capitalismo, dentro das regras estabelecidas pelo capitalismo. Esse não é o nosso programa.
Uma coisa totalmente diferente de defender um programa é dar apoio a uma pessoa. Por exemplo: Há vários candidatos em disputa e você decida apoiar o candidato A ou B. Você não precisa concordar com o programa para votar naquele candidato. Basta que por qualquer motivo você considere que a vitória do candidato que escolheu é mais favorável do que a vitória do outro.
Nós apoiamos a candidatura de lula, não pelo programa que tem, mas porque consideramos que a presença de Lula nas eleições é um instrumento de luta contra o golpe de estado. Para derrotar a direita, independentemente do programa que ele tenha. E consideramos que Lula é esta instrumento porque tem um amplo apoio dentro da classe operária e setores populares.
Então, ao apoiar a candidatura de lula nós temos a intenção de impulsionar a luta contar o golpe.
Então podem perguntar: se o Lula ganhar as eleições, qual será a posição do PCO? A nossa posição seria apresentar diante das massas populares e do próprio governo o nosso próprio programa como parte da luta dos trabalhadores. Porque consideramos que nosso programa interessa ao trabalhadores e não é uma particularidade do PCO.
Já no Manifesto Comunista, Marx dizia que os comunistas não formam um partido em separado dos demais partidos da classe trabalhadora. Isso quer dizer que os comunistas, segundo Marx, não tem uma concepção privada da política, mas se consideram defensores dos interesses de uma classe social. Portanto numa determinada medida os comunistas fazem parte de um movimento que inclui várias organizações e concepções políticas que é o movimento geral da classe operária. Então, Max assinala que os comunistas são simplesmente o setor mais consciente da classe operária e que têm uma visão internacionalista.
Então, nós consideramos a coisa desde esse ponto de vista e se Lula for presidente nós vamos apoiar o governo quando ele se dirigir no sentido da luta contra a burguesia e criticá-lo quando for diferente. Por isso dizemos que nosso apoio é crítico. Quer dizer, não não apoiamos o governo independentemente do que ele faça e todas as situações.
Nós estamos apoiando a candidatura de Lula com nosso próprio programa e é por isso que não ingressamos oficialmente, formalmente, legalmente na coligação com o PCdoB e com o PROS. Guardamos nossa independência.
Vamos levar adiante a campanha do Lula, como fizemos em outras oportunidades. O PCO apoiou Lula em 89, 94 e 98 por considerar que nessas eleições a candidatura de Lula se opunha frontalmente à burguesia.”