A revista Carta Capital noticiou na sua edição de 7 de junho que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), utilizando seu e mail pessoal pediu dinheiro aos empresários Marcelo Odebrecht e Benjamin Steinbruch com a finalidade de apoiar a campanha de dois candidatos tucanos nas eleições de 2010. O fato foi descoberto graças a perícia levada a cabo pela Polícia Federal (PF) em processo que investiga o ex-Presidente Lula e vazado para a revista Veja.
Antero Paes de Barros, do Mato Grosso e Flexa Ribeiro, do Pará são os dois candidatos a serem favorecidos pelo pleito do ex-presidente tucano. Não há registro de doações da Odebrecht à campanha de qualquer dos dois candidatos.
Esse episódio ocorrido por detrás dos holofotes da imprensa corporativa brasileira diz muito sobre o que ocorre na política brasileira mas que é desconhecido pela maioria da população. Como já visto quando da revelação do relacionamento entre o Senador Aécio Neves e o empresário Joesley Batista os políticos encarregados de dar sustentação ao regime burguês dedicam boa parte do tempo assediando insistentemente seus patrões empresários para obter dinheiro para suas campanhas eleitorais ou para objetivos declaradamente pessoais.
Por outro lado, em consonância com o que sempre foi corriqueiro no país mas que tomou a forma de cinismo e de acinte após o golpe de 2016 é que a publicização de crimes cometidos por determinadas pessoas não é seguida de qualquer providência por parte das autoridades a quem competiriam tais providências. Por força de lei membros da polícia, do Ministério Público e do Judiciário, quando tem conhecimento da possível ocorrência de delitos diligenciar no sentido de que tais fatos sejam apurados.
A total leniência quanto aos crimes cometidos por políticos comprometidos com setores do regime golpista em paralelo com a perseguição obsessiva contra políticos e organizações adversárias do golpe já torna perceptível à população que não existe nenhuma busca de justiça no Brasil. Grande parte dos que realmente se iludiram com os objetivos declarados da onda golpista constatam agora que nosso sistema judicial é não só um estamento que usurpou poderes que não lhe foram delegados mas também oportunisticamente leva adiante uma política frontalmente contra classe trabalhadora e contra a própria existência do país. A aberração que vivemos só encontrará uma resposta a altura no momento em que os trabalhadores que são as vítimas de um capitalismo que não vê limites porque está drogado até a medula ocupem as praças e digam basta aos malfeitores que assaltaram o poder.