O Atlas da Violência 2018, estudo do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) junto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou em números o quadro geral de um dos aspectos mais iníquos da opressão do negro no Brasil. O estudo mostrou o aumento dos homicídios no Brasil no período que decorre entre 2006 e 2016, constatando o aumento de 14,0% no quadro geral. Porém, a análise levando em consideração a composição racial da população brasileira revela o genocídio existente contra população negra em todo territórios nacional.
Enquanto a mortes de não-negros tiveram uma redução de 6,8% , contra os negros cresceram 23,1%. Analisando Estados vemos a brutal realidade, tomemos alguns estado representativos do território nacional em 2016. No Norte Norte país, vejamos o caso do Estado do Amazonas, a taxa de homicídios contra não-negros a é de 13,7 por 100 mil habitantes, já contra negros é de 43,0 por 100 mil. No Nordeste o caso é extremamente grave, na Bahia a taxa de homicídios entre não-negros é de 15,1 já contra negros e da ordem de 59 por 100 mil habitantes. Há mesmo casos escabrosos como Alagoas em que a taxa de homicídios contra não-negros está em 4,1, considerada baixa internacionalmente, já contra negros e da ordem de 69, 7, considerada altíssima, superior à de países mais violentos do mundo.
Na região sudeste, destaque para o Rio de Janeiro, que mesmo tendo reduzido o índice de homicídio permanece com taxas altas e grande discrepância racial, 47,6 a taxa de homicídios contra negros por 100 mil habitantes e 20 a de não-negros por 100 mil habitantes. No Centro-Oeste, Goiás apresenta uma taxa de 55,5 de negros assassinados por 100 mil habitantes, 25,9 de não-negros por 100 mil habitantes.
No Rio Grande do Sul, a taxa de homicídios entre não-negros é de 26,5 enquanto que contra negros a taxa é de 36 homicídios por 100 mil habitantes, considerando que no sul a população majoritariamente branca. É necessário observar que parte substantiva desses assassinatos são cometidos diretamente pelo Estado nacional, que mantém uma política deliberada de perseguição e controle social contra a população negra que é, aliás, a maioria da população brasileira.
Como compreender esta matança generalizada da população negra ? Seria o racismo, entendido no sentido mais comum, como preconceito, o responsável? o negro seria vítima de um Estado preconceituoso e de pessoas preconceituosas ?
A resposta é sim é não. O preconceito; a visão negativa do negro, como ser inferior, naturalmente, existem, mas não como movente principal da subjugação do negro e sim como reflexo na psicologia social e individual da opressão real que o negro sofre .
A ideologia democrática do imperialismo e seus penduricalhos, como a ideologia do politicamente correto, feita para justificar a censura contra esquerda, é cada vez mais arraigada, dificilmente alguém no Brasil falaria de público e abertamente contra o negro ou defenderia sua inferioridade racial, como foi comum em outros momentos da história, no entanto a situação do negro não melhorou, vemos que a perseguição do Estado, o extermínio da população negra tem mesmo crescido.
Tal como na antiguidade grega, em Atenas, por exemplo, o cidadão da Pólis só podia existir a partir do escravismo antigo, a democracia liberal burguesa e o capitalismo só podem subsistir condenando amplas camadas, o caso dos negros no Brasil, a uma situação de inferioridade social, política e econômica, a uma sub-cidadania.
A opressão do negro, legada pelo escravismo, é um aspecto essencial do regime político capitalista no Brasil, que não pode absorver esta camada a sociedade civil como um cidadão pleno. Qualquer tentativa do negro de lutar por seus direitos democráticos é brutalmente reprimida; o Estado, por meio da Polícia e da cadeia atuam permanente para segregar o povo negro, marginaliza-lo. A marginalização dos negro, a violência e a situação de inferioridade social, bem como a selvageria que lhes é imposta no tratamento diz respeito a impossibilidade de, sem destruir o capitalismo, incorpora-los plenamente a sociedade burguesa e, portanto, ao medo que a burguesia tem da população negra.
No entanto, diferentemente da antiguidade, a luta do negro pelos seus direitos democráticos no Brasil é profícua e necessariamente aponta para a derrubada da ordem burguesa, para ditadura do proletariado, único sistema capaz de incorporar plenamente todos a sociedade socialista. O golpe de Estado dado em 2016 aponta justamente para o sentido contrário, subjugar o povo negro completamente e inclusive retirando lhes as poucos conquistas recentes, por isso a luta do negro é contra o golpe e pelo socialismo necessariamente