Na primeira eleição presidencial em que foi eleito, ainda em 2002, Luis Inácio Lula da Silva, antes do segundo turno, divulgou um documento chamado “Carta ao povo brasileiro”, com o intuito de “acalmar” a burguesia e garantir que, com o PT eleito, não haveriam mudanças radicais no regime.
Em entrevista recente, uma jornalista sugeriu a Boulos utilizar do mesmo método, para amenizar a imagem “radical” do candidato. O único problema é que a candidatura do PSOL não coloca medo em nenhum burguês, muito pelo contrário.
A candidatura foi articulada dentro do partido por Marcelo Freixo, um setor direitista dentro do PSOL que já defendeu as UPPs, e é próximo da Rede Globo, tendo inclusive sido apoiado pela mídia golpista durante as eleições municipais que elegeram Marcelo Crivella. Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso, e outro setor muito ligado a Globo também trabalha pela campanha do “radical” Boulos.
Pelas entrevistas e declarações do candidato é possível perceber que não há nenhum princípio socialista nessa candidatura, não existe nenhum choque real com os interesses da burguesia, uma vez que a única utilidade de alguém que tem 0,5% das intenções de voto é confundir ainda mais o panorama político durante o pleito eleitoral, que nem sequer está garantido, diante da situação de crise em que vivemos.
Finalmente, por mais que o líder do MTST se apresente como “combativo”, sua candidatura expressa a “esquerda que a direita adora”, ao simplesmente abandonar a luta pela liberdade de Lula e, portanto, a luta contra o golpe.