A pandemia no Brasil chegou em um ponto catastrófico com a cifra de 100 mil mortos. Uma crise gigantesca. As previsões da própria burguesia são de que nos próximos três meses esse número passaria a 200 mil pessoas. Assim, o Brasil se coloca como um dos piores casos na pandemia mundial.
Considerando que a vacinação só deverá ocorrer no ano que vem, não é exagero contar com uma cifra de 300 mil pessoas mortas. Uma catástrofe sanitária, isso sem citar as demais consequências da pandemia, como a devastação econômica.
Mesmo diante de tamanha gravidade, a maior parte das autoridades públicas já liberou o isolamento social. Sobre isso, é preciso recapitular os acontecimentos políticos desde que a pandemia começou.
O isolamento social era uma medida meramente política que nunca foi suficiente para conter o vírus. Prova disso é que agora, a pandemia está totalmente fora de controle e os governadores e prefeitos estão abrindo tudo para que as pessoas voltem a trabalhar. Calcula-se que são 10 milhões de pessoas voltando ao serviço, isso sem contar a maioria dos trabalhadores que sequer puderam fazer nenhum momento sequer de isolamento social.
A política do isolamento social, que foi apresentada inclusive pela esquerda pequeno-burguesa como a salvação, servia apenas aos propósitos da classe média, mas não servia para o conjunto da população.
Essa política de isolamento nunca foi nada mais do que uma jogada da direita na tentativa de conseguir resolver o problema da epidemia sem gastar dinheiro. Não fizeram nada para impedir que a população fosse defendida e ao mesmo tempo servia para obter o apoio da classe média. E de fato, a classe média, de esquerda e de direita apoiou essa política.
Propagar a política do isolamento como a única salvação para a pandemia é um crime, é ser cúmplice da direita criminosa que está levando o País a essas centenas de milhares de mortes.
Os governadores e prefeitos, que foram apresentados como “civilizados e científicos”, não apresentaram nenhuma política efetiva para a pandemia. Testes em massa, construção de leitos, atendimentos, pesquisas pela vacina, nada disso foi feito. Também não foi tomada nenhuma medida social como em Cuba, por exemplo, onde o governo coloca médicos para visitarem os bairros controlando o desenvolvimento do vírus.
No Brasil, um país muito mais rico que Cuba, os governos não conseguem nem detectar quem está doente. O poder público só aparece nos bairros com a polícia para reprimir a população e nas eleições para pedir votos.
O que está acontecendo no Brasil é uma falência do Estado.
Essa política pode se agravar com a pressão pela volta às aulas, inclusive partindo dos governadores ditos de esquerda. Se essa política se confirmar, serão milhões de estudantes e professores aglomerados, o que significa a expansão do vírus dentro da escola e para os familiares dessas pessoas. Essa política só pode ampliar a pandemia.
A esquerda, em particular a que defende a frente ampla com a direita, fez a propaganda de que os governadores seriam “científicos”, “civilizados”, em oposição a Bolsonaro, que desde o início pregou contra o isolamento social. Agora, fica muito claro que todos se unificaram em torno do objetivo de acabar com o isolamento.
Sobre isso, é preciso definir que não são os pequenos capitalistas que estão impulsionando a volta da atividade econômica. São os banqueiros, os grandes capitalistas. A função dos bancos é financiar a atividade política de outros empresários e extrair lucros dessa atividade. Se houver uma falência generalizada, os bancos também vão à falência. Quem está impulsionando o fim do isolamento são o bancos. Esse é um fenômeno mundial. Uma política genocida contra os povos do mundo todo.
O Bolsonaro é um delinquente político, um criminoso, mas não é ele sozinho que quer o fim do isolamento, são os capitalistas. Ele é um instrumento dos capitalistas, assim como são os governadores. Os capitalistas colocaram todos na linha para apoiar a política de abertura.
Por isso, a política que foi colocada pelo setor da esquerda frente ampla é vazia de conteúdo e procura iludir a população.
Para enfrentar a situação é necessária uma ação de conjunto. É preciso que as organizações dos trabalhadores, como a CUT, os sindicatos, os movimentos se unifiquem e formem uma grande assembleia popular para a discussão de um programa para combater a devastação e um plano de lutas para colocar em prática essas reivindicações.