A greve dos estudantes de brasília deflagrada inicialmente pela escola Setor Leste foi aprovada também no Instituto Federal de Goiás (IFG). Organizada pelo Comitê de Luta Estudantil de Brasília, a greve já vem sendo gestada desde os primeiros indícios da obrigatoriedade o EAD no CEAN. Esse período foi utilizado para organizar mais de dez escolas em torno da luta contra
o EAD e a volta as aulas. Agora, essa organização prévia impulsiona a aprovação de greves em inúmeras assembléias. A greve contra o EAD e a volta as aulas, deve ser entendida, primeiramente, como uma maneira de impulsionar a luta pelo Fora Bolsonaro. Em segundo lugar, a deflagração desse movimento como nacional é uma alternativa de mobilização dos setores estudantis, dando vazão para a profunda crise social decorrente da pandemia e da crise econômica.
O Fora Bolsonaro deve ser entendido como a questão fundamental de uma greve que se opõe ao genocídio da juventude.
Em primeiro lugar, a volta às aulas deve ser entendida como uma saída econômica para um importante setor da burguesia que depende da movimentação estudantil para funcionar. Desde o ensino pago e os cursinhos, até o comércio em geral que é fortalecido pelo aumento do consumo devido a movimentação de milhões de alunos, professores e pais em decorrência das aulas presenciais. Esses setores da economia, por sua vez, são pressionados por entidades ainda maiores para retomarem as suas atividades: os bancos.
Os bancos são o principal setor da economia, possuindo também o maior poder de pressão sobre a situação. A redução dos seus lucros diante a quarentena, portanto, foi um fator determinante para a opção pela retomada das atividades presenciais. A queda de 40% dos lucros do Itau no segundo semestre de 2020, portanto, deve ser considerado como um fator consequente da crise econômica geral. A volta as aulas, nesse sentido, é determinante para a retomada da economia e do lucros dos banqueiros.
O “amor pela educação” e a campanha lançada nos principais orgãos de imprensa sobre a retomada das aulas, portanto, não passam de perfumaria sobre os reais interesses dos capitalistas quanto ao ensino, seja a distância (EAD), seja presencial. Se, por um lado, o EAD é uma forma de sucateamento do ensino, por outro, ele permite a continuidade do ano letivo o que facilita a política de volta as aulas. A principal política da direita, portanto, tem sido o “ensino remoto” como um prelúdio para o “ensino misto”, ou seja, a associação da volta às aulas em meio a pandemia com o ensino a distância.
Nessa situação moram dois problemas principais. O primeiro deles é que o Ensino a distância não é um verdadeiro ensino e, apesar disso, a sua aplicação, indicando a realização de uma pauta antiga da direita, tende a ter um caráter definitivo. No nosso movimento, houveram inúmeras denúncias de alunos cujas “aulas” eram, na realidade, cursos livres gravados na TV Justiça. No melhor dos casos, em que houvesse uma plataforma disponível para os alunos, a socialização, os debates e a liberdade política eram todos decepados. Há um sem número de problemas desse falso ensino, mas o pior deles é que a sua realização abre as portas para a direita iniciar um verdadeiro genocídio na juventude: a volta as aulas presenciais em meio a pandemia.
Seis estados brasileiros já anunciaram a volta às aulas presenciais: São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Norte, Tocantins, Pará, e Acre. Fora isso, as aulas em instituições particulares já foram retomadas em escolas do Rio de Janeiro. Amazonas e Maranhão também já liberaram essas instituições para a retomada do ensino presencial. As escolas militares, por sua vez, sequer deixaram de funcionar em alguns locais do nordeste. Nesses casos, o quadro é claro: o enorme número de contaminados na escola, entre professores, funcionários e alunos, comprova que a volta generalizada das aulas será um verdadeiro genocídio.
“Controle do calendário estudantil pela comunidade acadêmica, não ao EAD, volta as aulas só com vacina. Fora Bolsonaro” são as principais pautas de luta dessa mobilização. Aprovada como pauta de lutas, a palavra de ordem Fora Bolsonaro deve ser o fator unificador da luta estudantil com uma ampla mobilização dos trabalhadores pela derrubada do governo. Dessa forma, é fundamental o entendimento que o problema fundamental de todos os setores é a própria política geral levada pelo governo golpista de Jair Bolsonaro.
A greve da educação deve se expandir por todo o Brasil e unir-se a outros setores na luta pelo Fora Bolsonaro
A greve contra o EAD e a volta as aulas organizada pelos Comitês de Luta estudantis e pela Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), já está sendo organizada em outros estados do Brasil. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, por exemplo, os comitês de luta estudantis já existem e estão chamando reuniões e assembléias para a ampliação da greve. A APEOESP, junto ao coletivo Educadores em Luta, também estão mobilizando os professores para a mesma luta. É preciso dizer, contudo, que a greve da educação, apesar de importante, não é suficiente.
Conclamando a aliança operário-estudantil, os comitês de luta estudantis também estão se organizando para utilizar os setores organizados da juventude para a panfletagem em fábricas, a realização do mutirões no bairros populares e a participação dos atos pelo Fora Bolsonaro.