Em 23 de junho de 2016, o referendo conhecido popularmente como BREXIT (Britain+ Exit) fruto de um manifesto apresentado no parlamento do Reino Unido pelo Partido Conservador, aprovava a saída da Grã Bretanha do bloco econômico europeu com uma vitória por vantagem de pouco mais de um milhão de votos ,cerca de 52% dos votos válidos em votação que contou com a participação de mais de 30 milhões de pessoas.
Os percentuais de votação nos países dentro do Reino Unido foram:
Inglaterra: 53,4 % favoráveis ao Brexit
País de Gales: 52,5% favoráveis ao Brexit
Escócia: 62% contrários ao Brexit
Irlanda do Norte: 55,8% contrários ao Brexit.
Os defensores da saída do Reino Unido da União Européia argumentavam que o bloco traria um déficit democrático que segundo eles mina a soberania nacional de seus membros. Para essa parcela da população a saída do país permitiria que a nação tivesse maior controle da imigração, gerando uma diminuição pela busca de serviços públicos, habitação e emprego; geraria uma economia de bilhões, devido às taxas pagas pelo país ao bloco; e daria autonomia para o Reino Unido firmar seus próprios acordos comerciais, libertando-se da burocracia e das políticas regulamentadoras da UE, que são classificadas por eles de “desnecessárias e caras”.
O referendo pelo BREXIT conseguiu, na verdade, canalizar da população britânica o sentimento anti sistema que estava represado em busca de uma saída radical que jamais foi oferecida pela esquerda e que acabou por deixar o caminho aberto para a demagogia da extrema direita .
Segundo Giorgio Romano, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC): “a esquerda impulsionou os movimentos nacionalistas ao não reconhecer que havia preocupações legítimas por parte da população. Subestimou-se o problema em um momento em que você tem vários fenômenos simultâneos: a crise de 2008, transformações radicais no mercado de trabalho e a imigração. Quando tudo isso se mistura, gera incertezas. A esquerda não soube se renovar e escutar a população”.
Mesmo aprovado o plebiscito em 2016, as incertezas sobre saída do Reino Unido permaneceram. Em março de 2017, os termos de saída começaram a ser negociados porém não foram encerrados devido a inúmeros trâmites burocráticos. Surfando nessa onda ,em 2019, Boris Jhonson, líder de extrema direita , foi eleito primeiro ministro prometendo levar o Reino Unido para fora da União Europeia até 31 de outubro daquele ano , com ou sem acordo.
O Reino Unido deixou oficialmente a UE em 31 de janeiro de 2020, mas devido às regras de transição as diferenças só poderão começar a ser percebidas a partir deste ano.
O que a ascensão da extrema direita por meio do Brexit , no Reino unido , mostra, é que é hora da esquerda , em todo o mundo , começar a agir de forma ofensiva frente à política neoliberal , oferecendo para população alternativas que não sejam pseudo soluções: é preciso ir à raiz do problema, que é o regime imperialista como um todo. É preciso mobilizar as massas contra a extrema-direita demagoga e contra o regime capitalista neoliberal, tornando-se independente da burguesia.