O ato de 1º de maio da Praça da Sé, convocado pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelos Comitês de Luta, serviu como uma faísca para detonar mais mobilizações por todo o País. A quase totalidade da esquerda dizia que não era possível realizar mobilizações de rua por conta de que se deveria “evitar aglomerações”, “ficar em casa” e aguardar o término da pandemia para retomar as atividades políticas. Como se a população pobre e trabalhadora tivesse tido alguma vez a oportunidade de “ficar em casa”, isto para quem tem casa.
O exemplo prático mostrou para diversos setores do movimento popular que é possível romper com a política de paralisia das direções políticas da esquerda e dos sindicatos. O governo Jair Bolsonaro e os partidos burgueses que controlam o Congresso Nacional (PSDB, MDB, DEM, PSL, Progressistas, Republicanos, PL, PTB) não suspenderam seus ataques na pandemia. A máquina estatal de repressão do povo, sobretudo a Polícia Militar, não parou de realizar chacinas nas periferias urbanas. No campo, aconteceram inúmeros despejos de famílias e reintegrações de posse autorizadas pela Justiça. Os principais setores industriais jamais pararam as atividades. A extração do mais-valor, essência do capitalismo, não foi interrompida pela pandemia. A contradição é que aqueles que permanecem em casa, no momento atual, são os dirigentes da esquerda e dos sindicatos, apesar de as bases estarem nas ruas, trabalhando.
Os projetos de privatização da Eletrobras, Petrobras, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil tramitam no Congresso Nacional, bem como a Reforma Administrativa, o maior ataque da história aos funcionários públicos. Em meio à morte de mais de 440 mil brasileiros, sequer os governos burgueses atuaram para garantir os meios materiais para a realização do isolamento social e a administração das vacinas. Isto é, além de abandonado à própria sorte, o povo brasileiro perdeu direitos históricos e foi lançado na miséria, desemprego e morte.
Na sequência do 1º de maio, aconteceram atos estudantis contra a destruição das universidades federais em virtude dos cortes orçamentários do Ministério da Educação. A população moradora das favelas se mobilizou em repúdio à chacina do Jacarezinho promovida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Diversos setores de trabalhadores estão entrando em greve, casos dos portuários, metroviários, ecetistas, professores e petroleiros.
É preciso dar mais um impulso à mobilização popular contra o genocídio promovido por Jair Bolsonaro e os governos da direita golpista nos estados. Os partidos de esquerda e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocaram atos públicos para o dia 29/05 nas capitais estaduais. As organizações devem colocar força nesse ato, que tem potencial para mudar a correlação de forças.
Os eixos de mobilização são a luta contra as privatizações, por vacinação em massa, Auxílio Emergencial de um salário mínimo para todos e Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Estas reivindicações vão de encontro aos interesses fundamentais da classe trabalhadora no momento.