A cidade soviética de Leningrado (São Petersburgo) permaneceu 900 dias sob o cerco das tropas da Alemanha nazista, Itália fascista e da Finlândia no contexto da Segunda Guerra Mundial. O cerco militar teve início em 8 de Setembro de 1941 e se estendeu até 27 de Janeiro de 1944.
A Operação Barbarossa, colocada em prática pela Exército alemão, visava a tomada da cidade, que era a antiga capital da Rússia e símbolo da Revolução de Outubro de 1917. Em termos militares, Leningrado tinha importância estratégica, pois era base para a Frota do Báltico soviética e um grande centro industrial, responsável por 11% de toda a produção industrial na URSS em 1939.
O cerco foi um dos mais longos e destrutivos da história dos conflitos militares em todas as épocas. Uma vez concretizado o cerco, os alemães cortaram o fornecimento de mantimentos, energia, abastecimento de água e se dedicaram a realizar intensos bombardeios por artilharia e aviões.
Estima-se que o custo em vidas tenha sido de 1,5 milhão de pessoas, a maioria de civis. Uma das principais causas das mortes foi a fome, o que fez com que os sobreviventes tivesse que praticar canibalismo. A frequência dos bombardeios impedia os enterros e centenas de cadáveres eram vistos nas ruas.
Ao final, os alemães não conseguiram avançar do cercamento para a tomada militar da cidade. Com as derrotas dos alemẽs nas batalhas de Stalingrado e Kursk, e devido à incapacidade de tomar a capital Moscou, a situação começa a mudar em favor dos soviéticos.
Na sequência de grandes ofensivas militares por parte das forças soviéticas, a 27 de janeiro de 1944, as últimas unidades do Exército alemão abandonaram o cerco a Leningrado. Ao fim de março, boa parte das tropas nazistas também já haviam sido expulsas do norte da Rússia. Em fuga, os alemães saquearam e queimaram tudo. Leningrado e as regiões vizinhas ficaram em ruínas.
Um espião soviético que estava na Alemanha avisou Stálin de que haveria uma ofensiva contra a URSS. A política da burocracia stalinista era um elemento que debilitava profundamente as defesas do país, conforme afirmara Trotsky mais de uma década antes. Stálin confiava cegamento no pacto firmado com Hitler, que previa a não-agressão entre os dois países.
A política contrarrevolucionária do stalinismo, nos planos interno e externo, propiciou as condições para que os nazistas avançassem sobre o território soviético, o que custou a vida de, pelo menos, 20 milhões somente na União Soviética.