O artigo Escândalo: Por debaixo dos panos PT participa de acordão para votar anistia a golpistas, publicado no portal Opinião Socialista, do PSTU, é um panfleto moralista que serve de cobertura para a ditadura de toga. O texto já começa com um erro de fundo ao chamar o Projeto de Lei (PL) da Dosimetria de “eufemismo para uma lei que, na prática… avança para uma futura anistia”. O autor não consegue esconder o seu apetite pelo cárcere e trata qualquer confronto com o sistema penal como um crime de lesa-pátria.
O artigo se perde em detalhes parlamentares para tentar provar uma “traição” do governo Lula, afirmando que Jaques Wagner “articulou a sua aprovação na comissão em troca da taxação das Bets”. Curiosamente, o artigo sequer critica a taxação das Bets em si, já que é a favor de tal política.
O que eles chamam de “acordão espúrio” é uma negociação, o que é comum na política. O que importa são os interesses em jogo, e não a troca em si. O moralismo do PSTU serve apenas para esconder que o partido defende, no conteúdo, a manutenção de penas bárbaras de 27 anos de prisão aplicadas por um tribunal que eles fingem combater.
A contradição salta aos olhos quando o texto cita o senador Alessandro Vieira dizendo que o acordo envolveria o STF: “este texto que estamos votando é fruto de um acordo entre o governo Lula, parte da oposição e o ministro Alexandre de Moraes”. Se até Moraes, o carrasco-mor da “festa” ditatorial, aceitou a “dosimetria”, por que o PSTU continua mais realistas que o rei? Eles afirmam que o projeto “pode reduzir a pena de Bolsonaro de 6 a 8 anos em regime fechado para até 2 anos” e tratam isso como o fim do mundo. Aqui, o PSTU revela sua face mais reacionária: a ideia de que a esquerda deve ser a guardiã das masmorras. Eles não discutem a legalidade ou o perigo de se criar penas astronômicas para crimes políticos; eles querem perseguir o adversário, mesmo que isso signifique fortalecer o braço armado do Estado que amanhã estará esmagando as greves operárias.
A parte mais cínica do editorial do PSTU é quando afirmam: “não se pode depositar qualquer confiança no STF para dar uma batalha consequente ao golpismo”. É uma frase vazia. Se eles não confiam no STF, por que ficam histéricos quando o Poder Legislativo tenta tirar das mãos desse mesmo STF o poder de fixar penas abusivas? O que o PSTU quer, na verdade, é que o STF seja ainda mais repressivo. Eles criticam a “conciliação” do PT não porque querem a mobilização das massas para derrubar o regime, mas porque acham que o PT não está sendo um “carcereiro” eficiente o suficiente.
O texto termina com um chamado à “organização e mobilização da classe trabalhadora… para derrotar qualquer anistia”. O PSTU quer mobilizar o povo para garantir que o sistema penal burguês continue funcionando a pleno vapor. Eles chamam de “luta independente” o papel de claque para o Judiciário. Ao focar na figura de Bolsonaro para esconder o projeto do imperialismo, o PSTU prova que seu “radicalismo” é apenas um estilo literário. Na prática, são apenas a ala ruidosa da esquerda carcerária, que prefere discutir o tempo de cadeia de um político do que organizar o povo para enfrentar o regime que mantém quase um milhão de almas encarceradas e mais de 50 milhões na absoluta miséria.
É realmente comovente ver o estado de desolação em que o PSTU mergulhou ao descobrir que seu “herói” de toga, o ministro Alexandre de Moraes, sentou-se à mesa para negociar a tal “dosimetria”. Durante anos, o partido vibrou com com cada canetada autoritária como se fosse um avanço da revolução proletária. Agora, ao verem que Moraes preferiu o acordo com o “fascismo” ao “prisão para todos” que o PSTU tanto esperava, os nossos “revolucionários” ficaram falando sozinhos. O “Xandão” simplesmente guardou o chicote e os deixou pendurados na brocha, segurando um cartaz de “Sem Anistia”.




