Cinema

Waltinho Itaú levanta bandeira do Partido Democrata no Oscar

A esquerda que exalta o filme Ainda estou aqui está caindo mais uma vez no golpe dos banqueiros, está exaltando a direita pró-imperialismo e não a luta dos trabalhadores 

A esquerda pequeno burguesa brasileira parece ter perdido completamente qualquer nação do que é a luta política contra o bolsonarismo. O jornal O Vermelho em seu editorial elogia a nomeação do filme do banqueiro Walter Salles Ainda Estou Aqui para o Oscar em 2025. A premiação totalmente controlada pelo imperialismo deveria ser o sinal de alerta para mostrar que o filme é apenas uma peça de propaganda da direita, mas a esquerda que se acovardou na frente ampla elogia isso. O texto em questão é “Ainda Estou Aqui hasteia a bandeira da democracia no Oscar”.

Ele começa: “a presença de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 tem elevado significado cultural e político não só para o Brasil – mas também para o mundo. Nesta quinta-feira (23), o longa-metragem dirigido por Walter Salles recebeu três indicações da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: melhor atriz (Fernanda Torres), melhor filme internacional e melhor filme. A nomeação à principal categoria da premiação é particularmente histórica. Pela primeira vez em 97 edições do Oscar, uma produção do Brasil (e da América do Sul) disputa a estatueta de melhor filme”.

A primeira crítica aqui deve ser a supervalorização do prêmio norte-americano que todos sabem ser apenas um aparato de propaganda controlado pelos monopólios do cinema. Não há nenhum aspecto positivo em ser indicado ao Oscar de forma burocrática como foi o filme de Salles. Está claro que isso acontece devido ao dinheiro do Itaú. Não é como se Ainda estou aqui tivesse causado um impacto tão gigantesco nos EUA que os organizadores do Oscar se sentissem obrigados a indicá-lo para não desmoralizar o prêmio. Foi uma vitória do Itaú, mas a esquerda comemora.

Ele segue: “é um êxito do cinema brasileiro – de sua força e de suas virtudes, de sua história e de sua resistência, de seus artistas e seus profissionais. Interpretações como as de Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro demonstram também a qualidade singular de atrizes e atores do País, sob a sensível direção de Walter Salles, que leva ao público, de forma realista, um drama com conteúdo humanista e senso de justiça”. Aqui começa a aparecer o mundo mágico da esquerda pequeno burguesa. O cinema brasileiro totalmente destruído pela política neoliberal para a cultura, estaria sendo vitorioso porque um banqueiro conseguiu destaque, a vitória de um bilionário seria a vitória do Brasil.

A ideia é desenvolvida: “a bem-sucedida política de Estado para o audiovisual erguida durante o ciclo progressista liderado por Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016) sobreviveu. Notadamente no período em que o cineasta e produtor Manoel Rangel foi diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), de 2006 a 2017, essa política deixou legados como o Fundo Setorial do Audiovisual (Lei Nº 11.437/2006), a Lei da TV Paga (Lei 12.485/2011) e o programa Cinema Perto de Você (Lei 12.599/2012)”. 

O Vermelho ignora que a indústria do audiovisual está destruída e que os filmes que são assistidos ou são da Globo Filmes ou de um banqueiro. Assim, inventa que não só a indicação ao Oscar foi uma vitória do Brasil como mostra que o cinema brasileiro resiste. O filme é na verdade uma demonstração de que o cinema brasileiro foi destruído. As únicas obras que se destacam são justamente peças de propaganda feitas por bilionários em conluio com a  imprensa burguesa e o imperialismo. Enquanto isso, países que têm cinema, como o Irã e a Índia, passam longe do Oscar.

O golpe de ‘democracia’

Ainda pior que a análise completamente errada sobre o que é o Oscar e a situação do cinema brasileiro é a questão política. O filme não é uma vitória dos trabalhadores contra o bolsonarismo, é uma propaganda da “democracia”, ou seja, da frente ampla voltada para a esquerda.

O texto afirma: “Ainda Estou Aqui cativa o público por trazer à reflexão a defesa da democracia num momento em que o País luta contra os efeitos dos ataques bolsonaristas à legalidade constitucional. Também remete à lembrança de que o ex-presidente é um ativo cultuador da tortura e de torturares, fazendo, recorrentemente, apelos pela volta dos métodos daquele regime tirano. No governo Bolsonaro, artistas e outros expoentes da cultura foram duramente atacados. O ex-presidente e outros brutamontes do bolsonarismo enxovalharam a cultura nacional”.

O filme faz uma denúncia ao aspecto repressivo da ditadura, mas não exalta a luta dos trabalhadores contra a ditadura. Por cima do filme, a propaganda da imprensa burguesa é ainda pior. Tornou o filme uma campanha anti-bolsonarista fraca, uma peça de auxílio da política do STF e da PF contra os militares. Enquanto isso, o bolsonarismo é a força política nacional que mais cresce no País, como ficou demonstrado nas eleições de 2024. E ela cresce não falando em ditadura e nem em militares, cresce criticando o identitarismo, supostamente defendendo a liberdade de expressão e os direitos democráticos, e criticando a política econômica de Haddad.

Ou seja, essa campanha contra os militares a ditadura militar, não tem quase efeito nenhum sobre o bolsonarismo. Isso sem contar que pouquíssimas pessoas assistiram esse filme, afinal o cinema brasileiro não é realmente popular. Caso o filme exaltasse a luta dos trabalhadores, a luta contra a direita, incluindo contra o Itaú, aí sim seria uma força contra o bolsonarismo. Mas do ponto de vista da luta política atual, o seu único aspecto positivo (criticar a ditadura) é cancelado porque ele se torna uma propaganda da Globo e do Itaú.

O Vermelho chega num nível de exaltação do filme surreal: “o sucesso internacional do filme também confronta a onda neofascista, sobretudo na Europa e nas Américas, hasteando a bandeira da democracia no Oscar. Seu conteúdo interage com as preocupações diante da ascensão da extrema direita em âmbito mundial, cujo exemplo mais proeminente são as medidas e promessas do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de viés racista, xenofóbico, misógino, homofóbico e belicista. Não é à toa que Trump, com sua negação cultural, já ameaçou intervir na poderosa Hollywood, ao nomear “embaixadores especiais” para serem seus “olhos e ouvidos” na indústria cinematográfica”.

O bom desse trecho é que ele mostra qual é a política real do filme. Não é a defesa da luta dos trabalhadores, mas sim a defesa da oposição à Trump, ou seja, Joe Biden. Mas quem apoiou a ditadura militar no Brasil? O Partido Democrata de Joe Biden, quem apoiou o golpe de 2016? O mesmo partido. É uma farsa, um golpe, contra a esquerda.

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