O governo federal investe cada vez mais no aparato de repressão, nas polícias, no judiciário e nos presídios. É um erro enorme vindo de um governo de esquerda que deve tratar o crime como consequência dos problemas sociais. Além disso, caso a lei fosse seguida, centenas de milhares de presos deveria ser soltos imediatamente, portanto construir novos presídios não é uma necessidade real.
Um caso interessante é que o projeto prometido pelo ministro da Justiça de construção de novos muros orçado em R$ 160 milhões não saiu do papel. A única nova obra iniciada após um fuga de presos, que deu origem ao projeto, foi em Porto velho (RO), em 2023. Mas ela teve atrasos, aumento de custos operacionais e um suposto erro de projeto. A estrutura que deveria ser entregue em março deste ano está com apenas 11% dos serviços concluídos, segundo informou o próprio governo federal.
Cada muralha vai custar, segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, R$ 40 milhões. A de Porto Velho, no entanto, já está na casa dos R$ 45 milhões. Imagine se esse investimento fosse feito em programas para os poucos que deveriam estar em regime fechado, ou para garantir programas de ressocialização para a maioria que deveria estar no regime aberto e semi-aberto.
A ineficiência do governo em ampliar a repressão é algo positivo. Mas o necessário é que a sua política mude radicalmente para uma política de esquerda, que se coloque contra o aparato de repressão do Estado burguês. Um aparato que serve apenas para esmagar a classe trabalhadora.
