O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello Rondón, atribuiu ao atual presidente do Chile, Gabriel Boric, a responsabilidade pela vitória do candidato pinochetista José Antonio Kast no recente segundo turno eleitoral chileno.
Durante a tradicional coletiva de imprensa semanal da legenda governista, Cabello afirmou que a gestão de Boric abriu caminho para o retorno da direita radical ao poder. “Por tudo isso, é preciso agradecer ao atual presidente. Ele é responsável, sim. Quando se tenta governar com moderação, quando não se entende quem o elegeu, quando não se governa para o povo, mas para as elites, essas coisas acontecem. Mas o povo chileno terá novamente a oportunidade quando chegarem novas eleições”, declarou.
O dirigente socialista ressaltou a ligação histórica de Kast com a ditadura militar de Augusto Pinochet, enfatizando o papel de seus antecessores. “Os pais de Kast participaram de um golpe de Estado atroz contra um presidente legitimamente eleito pelo povo chileno. Após esse golpe, cometeram alguns dos mais terríveis massacres que se possa imaginar contra um povo. Portanto, imagine o que o próximo mandatário carrega em seu sangue”, afirmou Cabello.
Cabello também relembrou os crimes contra a humanidade cometidos durante a ditadura, mencionando execuções e torturas em locais como o Estádio Nacional, e citou especificamente o assassinato do cantor e compositor Víctor Jara como símbolo da brutalidade do regime.
Por fim, destacou a histórica solidariedade da Venezuela com os exilados chilenos após o golpe de 1973. “Muitos que saíram do Chile vieram para a Venezuela, e nós os recebemos com o carinho que caracteriza o povo venezuelano. Aqui reconstruíram suas vidas, integraram-se ao nosso povo”, concluiu.
Eleições no Chile
José Antonio Kast venceu a eleição presidencial do Chile neste domingo (14), apoiado em uma campanha que explorou o temor de parte do eleitorado diante do aumento da criminalidade e da migração. O resultado marca a mais acentuada guinada à direita no país desde o fim da ditadura militar, em 1990.
No segundo turno, Kast obteve 58,30% dos votos, contra 41,70% da candidata de esquerda Jeannette Jara, com mais de 95% das urnas apuradas.
Ao longo de sua trajetória política, Kast manteve uma linha ideológica claramente associada à extrema direita. Entre suas principais propostas estão a construção de muros na fronteira, o envio de forças militares para regiões com altos índices de criminalidade e a deportação em massa de migrantes em situação irregular.
A vitória de Kast insere o Chile em uma tendência recente de fortalecimento da direita na América Latina. O novo presidente se soma a nomes como Daniel Noboa, no Equador, Nayib Bukele, em El Salvador, e Javier Milei, na Argentina.
Esta foi a terceira vez que Kast disputou a presidência chilena. Em 2021, ele havia sido derrotado por Gabriel Boric.




